A incerteza sobre a votação da reforma do IR na Câmara, adiada no período da tarde desta quinta-feira para a próxima semana, manteve o Ibovespa na defensiva ao longo da tarde, em meio a sinais de falta de consenso sobre a versão final a ser votada. Entre inúmeras idas e vindas de formato desde que a reforma veio a público, o mercado ainda espera conhecer o modelo que será submetido à deliberação dos deputados. Assim, sem esta definição, o Ibovespa se aproxima do fim da semana acumulando perda de 1,72% no intervalo, computada a queda de 1,11% registrada nesta quinta-feira, aos 120.700,98 pontos – no mês, cede agora 0,90%.
O giro ficou em R$ 33,3 bilhões na sessão e, no ano, o índice limita o ganho a 1,41%. Nesta quinta-feira em que emendou a terceira perda diária, o Ibovespa foi na mínima intradia a 120.533,72 pontos, menor nível desde 11 de maio, então a 120.145,44 pontos. Na máxima, chegou aos 122.095,40 pontos, saindo de abertura aos 122.056,34 pontos. No fechamento, mostrava o menor nível desde o encerramento de 12 de maio (119.710,03 pontos).
"O ruído político está atrapalhando, mas o Ibovespa tem mostrado força na passagem dos 121 mil para os 120 mil pontos, um patamar que tem atraído interesse comprador. Com uma temporada de balanços em geral positiva, o valuation continua atraente: a Bolsa brasileira está abaixo de sua média histórica. O estrangeiro voltou a comprar neste começo de agosto, enquanto o investidor doméstico sente o político, mas busca agora alguma compra nos setores associados à atividade interna", diz Rodrigo Santin, CIO da Legend, escritório ligado ao BTG Pactual, chamando atenção para o forte desempenho dos serviços em junho, divulgado pelo IBGE.
No mês de agosto, até o dia 10, os estrangeiros ingressaram com R$ 2,185 bilhões na Bolsa – no ano, o saldo está positivo em R$ 41,942 bilhões.
Nesta quinta-feira, resultados trimestrais menos favoráveis, como os de B3 (ON -7,71%) e Ultrapar (-12,33%), contribuíram para o ajuste negativo do Ibovespa na sessão, em que as perdas entre os grandes bancos, segmento de maior peso no índice, chegaram a 2,17% (BB ON). Além de Ultrapar e B3, Minerva (-11,27%) também segurou a ponta negativa do Ibovespa, após ter avançado mais de 14% no fim da sessão anterior, com relato de que controladores teriam iniciado conversa para fechar capital, o que foi negado pela empresa ontem à noite. No lado oposto do índice, destaque também para empresas que apresentaram resultados, como Hapvida (+6,38%), segunda maior alta da sessão, entre Intermédica (+6,91%) e Fleury (+4,01%).
De acordo com relatório do estrategista-chefe e head de research, Fernando Ferreira, e da estrategista de ações Jennie Li, 69% dos resultados reportados na temporada de segundo trimestre vieram em linha ou acima das expectativas da XP Investimentos para o lucro operacional (Ebitda) – dos quais 54% acima e 15% em linha com o esperado. "Até agora, para as empresas que cobrimos do Ibovespa, o Ebitda e a receita superaram as nossas estimativas, na média, em +0,4% e +3,6%, respectivamente", aponta o texto dos estrategistas da XP.
"Desde o início da temporada de resultados, as estimativas do consenso para o lucro por ação (LPA) do Ibovespa para os próximos 12 meses, para 2021 e para 2022, já subiram entre +10% e +11%", acrescentam.
Na agenda macro, o desempenho da atividade de serviços em junho, divulgado pelo IBGE, contribuiu para mitigar a percepção sobre a retração do varejo no mesmo mês. "O resultado, positivamente espraiado, mais do que compensou a surpresa observada na PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) de ontem. A variação interanual ficou em +21,1%, frente uma expectativa de +18,2%", observa em nota Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.