Uma das principais responsáveis pela alta da inflação neste ano, a energia elétrica residencial ficou 5% mais cara em agosto pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), exercendo o maior impacto (0,23 ponto porcentual) entre os subitens acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta dos preços da energia elétrica foi, inclusive, mais intensa do que a verificada no IPCA-15 de julho, quando havia ficado 4,79% mais cara.
A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de julho e agosto, mas, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243, lembrou o IBGE nesta quarta-feira (25). Além disso, o resultado foi consequência dos reajustes tarifários da energia elétrica em Belém, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
Com a leitura do mês, o grupo de Habitação – que inclui a energia elétrica – apresentou alta de 1,97% em agosto, após avanço de 2,14% em julho. Além da energia elétrica, contribuíram para o resultado o aumento do gás de botijão (3,79%) e do gás encanado (0,73%). No lado das quedas, ficou mais barata a taxa de água e esgoto (-0,49%), por conta da mudança na metodologia de cobrança das tarifas em Belo Horizonte (-6,40%).
Divulgado pelo IBGE nesta quarta-feira, o IPCA-15 foi de 0,89% em agosto, acelerando em comparação ao índice de julho (0,72%). O resultado ficou acima da mediana das estimativas de analistas consultados pelo <i>Projeções Broadcast</i>, de 0,84% para agosto.
<b>Passagens aéreas</b>
Após surpreender com forte alta em julho, as passagens aéreas ficaram 10,90% mais baratas em agosto pelo IPCA-15. As tarifas haviam subido 35,64% no mês anterior. Mesmo com a queda das passagens aéreas, a inflação do grupo de Transporte registrou leve aceleração na passagem de julho (1,07%) para agosto (1,11%). Dentro do grupo, o destaque foi novamente a variação dos preços dos combustíveis, que ficaram 2,02% mais caros, após alta de 0,38% em julho.
De acordo com o IBGE, o preço da gasolina avançou 2,05% em agosto e acumula alta de 39,52% nos últimos 12 meses. O etanol ficou 2,19% mais caro em agosto e o óleo diesel registrou alta de 1,37%. O gás veicular foi uma exceção, com baixa de 0,51%.
<b>Saúde e educação</b>
Os preços de bens e serviços de saúde e cuidados pessoais recuaram 0,29% pelo IPCA-15 em agosto. Dos nove grupos de preços pesquisados pelo IBGE, foi o único com deflação no mês. Em julho, o grupo havia recuado 0,24%.
Segundo o IBGE, a deflação do grupo em agosto se deve aos menores preços dos itens de higiene pessoal (-0,67%), produtos farmacêuticos (-0,48%) e plano de saúde (-0,11%). Desta forma, o grupo de saúde e cuidados pessoais retirou 0,04 ponto porcentual do IPCA-15 de agosto, que foi de 0,89%.
Por outro lado, as famílias gastaram um pouco mais com educação em agosto. A inflação desse grupo acelerou de 0,12% em julho para 0,30% em agosto. Pela coleta do IBGE, houve reajustes de 0,32% nos preços de cursos regulares – que englobam de creche a pós-graduação. Houve ainda alta de 1,01% nos cursos técnicos.
O IBGE tradicionalmente faz coleta de preços de educação nos meses de fevereiro, março e agosto. O instituto não detalhou o motivo da alta dos preços. Analistas estimam, porém, que as escolas podem ter conseguido recompor parte das mensalidades no mês, marcado pela volta às aulas presenciais.
<b>Inflação em 12 meses</b>
Puxada especialmente pelo aumento da energia elétrica, a inflação chegou a marca de dois dígitos em quatro locais pesquisados em agosto, considerados o índice de preços acumulado em 12 meses: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%).
Com a inflação acima da média nacional em 12 meses aparecem ainda Recife (9,88%), Belém (9,85%). Belo Horizonte registrou taxa de 9,30%, a mesma da média nacional. Ficaram abaixo da média nacional Rio de Janeiro (7,93%), Brasília (8,27%), Salvador (8,31%) e São Paulo (8,64%).