Estadão

Bolsas de NY fecham em alta; índices renovam recordes após discurso de Powell

As bolsas de Nova York encerraram o pregão em alta nesta sexta-feira, 27, com recordes históricos de fechamento dos índices Nasdaq e S&P 500. O apetite de investidores por ações foi impulsionado por falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, durante o simpósio anual de Jackson Hole.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,69%, aos 35.455,80 pontos, o S&P 500 avançou 0,88%, aos 4.509,37 pontos, e o Nasdaq teve ganhos de 1,23%, aos 15.129,50 pontos. Na semana, os índices acumularam altas de 0,96%, 1,52% e 2,82%, respectivamente.

Em discurso no fim da manhã desta sexta, Powell admitiu a possibilidade do início da redução gradual dos estímulos monetários, processo conhecido como <i>"tapering",/i>, nos EUA já em 2021, caso a economia americana siga crescendo. Mas o dirigente adotou tom mais <i>dovish</i> em relação a outros membros do Fed, ao alertar para o impacto "particularmente prejudicial" de um aperto monetário prematuro neste momento, em que o mercado de trabalho nos EUA ainda se recupera e os casos de coronavírus sobem diante da disseminação da variante delta.

Em suas considerações, o banqueiro central também reforçou que vê o atual avanço da inflação no país como transitório. Nesta sexta, o Departamento do Comércio informou que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida inflacionária preferido do Fed, subiu 0,4% entre junho e julho, e 4,2% na comparação anual do mês passado. No núcleo do índice, os avanços foram de 0,3% e 3,6%, respectivamente.

Powell ainda afirmou que os critérios para uma eventual elevação da taxa básica de juros nos EUA são mais rigorosos que para o "tapering", em uma tentativa de dissociar as discussões sobre o aperto monetário por meio destes dois instrumentos, segundo a BMO Capital Markets.

Na avaliação do Commerzbank, o discurso de Powell mostrou que o cenário econômico nos EUA ainda não melhorou o suficiente para anunciar a retirada dos estímulos monetários já na reunião de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), como defendem dirigentes de orientação mais <i>hawkish</i> do BC americano.

Entre eles, o presidente da distrital de Dallas do Fed, Robert Kaplan, defendeu o início do "tapering" "o quanto antes", enquanto o vice-presidente da entidade, Richard Clarida, disse que apoiará a retirada dos estímulos neste ano caso o mercado avance mais.

Apesar do apetite por risco nesta sexta, <i>American Depositary Receipts</i> (ADRs) de empresas de tecnologia chinesas registraram fortes baixas em Nova York, à medida que Pequim fecha o cerco contra empresas do setor. O <i>The Wall Street Journal</i> informou, em reportagem publicada nesta sexta, que o governo chinês estuda adotar novas regras que proibiram abertura de capital de companhias locais nos EUA. Também nesta sexta, reguladores chineses divulgaram o rascunho de um projeto que regularia algoritmos das techs. O ADR da Alibaba recuou 3,49%, o da Tencent perdeu 1,62%, e o da Didi (dona da 99 no Brasil) cedeu 2,49%.

Entre os principais ganhadores do dia, petroleiras acompanharam a alta da commodity energética e lideraram os ganhos no S&P 500. A Occidental Petroleum disparou 6,79%, seguida por Chevron (+1,47%), ExxonMobil (+1,96%) e ConocoPhillips (+2,92%).

Posso ajudar?