Estadão

Dólar opera em alta com tensão no cenário doméstico e aversão a risco no exterior

A cautela dá o tom dos negócios no câmbio na manhã desta quarta-feira e o dólar sobe nos mercados à vista e futuro, enquanto investidores aguardam os desdobramentos dos atos públicos promovidos pelo governo na terça-feira. A percepção é de claro agravamento da tensão institucional, o que coloca os holofotes nas próximas ações do governo federal e nos poderes Judiciário e Legislativo, principalmente na figura do presidente da Câmara, Arthur Lira.

No exterior, o clima também é de prudência, com os mercados novamente refletindo os temores de que o avanço da variante delta atrase a recuperação econômica mundial. O dólar se fortalece ante divisas fortes e apresenta comportamento diverso entre moedas de países emergentes e exportadores de commodities, em manhã de alta dos preços do petróleo.

No ambiente doméstico, pesa especificamente o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter dito claramente ontem que não cumprirá mais decisões tomadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A declaração traz à tona o artigo 85 da Constituição, que define como crime de responsabilidade os atos do presidente que atentem contra o livre exercício do Poder Judiciário e o cumprimento das leis.

Assim, as atenções se voltam nesta semana para o presidente da Câmara, Arthur Lira, que deve receber novos pedidos de afastamento de Bolsonaro.

"Entendemos que os discursos de Bolsonaro realizados ontem devem tensionar ainda mais a relação entre os Poderes, penalizando os mercados", diz o departamento econômico da corretora Renascença em nota a clientes nesta manhã. "Politicamente em nada favorece a Bolsonaro a volta das críticas ao sistema eleitoral e às urnas eletrônicas, principalmente no que tange ao relacionamento dele com Arthur Lira, que semanas atrás pautou o tema do voto impresso no plenário sob a promessa de encerramento desse assunto, o que evidentemente não ocorreu", prossegue a nota.

Às 9h50, o dólar à vista era negociado a R$ 5,2033, em alta de 0,51%. No mercado futuro, a divisa para liquidação em outubro avançava 0,57%, aos R 5,2200.

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