Estadão

Ibovespa cai mais de 1%; NY, queda do minério e precatórios influenciam

O viés negativo no pré-mercado de ações em Nova York e do petróleo, além da queda de 8,09% do minério de ferro na China, devem contaminar nesta quinta-feira o Ibovespa, que na quarta fechou com desvalorização pelo segundo pregão seguido. Investidores avaliam os dados informados nesta manhã (pedidos de auxílio-desemprego e varejo), a poucos dias da reunião de política monetária do Federal Reserve. Somado a isso, o impasse dos precatórios continua a gerar desconforto nos investidores, que aguardam uma solução para as despesas estimadas em R$ 89 bilhões.

A despeito do tom conciliatório e prospectivo dos dirigentes da Câmara (Arthur Lira) e do Senado (Rodrigo Pacheco), no período da manhã, sobre avanço da pauta econômica e em busca de uma solução para os precatórios, o Ibovespa mantém-se em queda superior a 1% e na faixa dos 113 mil pontos. Inclusive, o índice brasileiro renovou mínima a 113.404,63 pontos, cedendo 1,32%. O declínio supera o recuo entre 0,55% e 0,30% das bolsas americanas.

O desempenho do Ibovespa, avalia Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos, reflete o quanto o mercado está cético em relação a essas pautas domésticas. "Só vai comprar mesmo com essas questões chanceladas especialmente a envolvendo os precatórios", diz, completando que apesar de uma sinalização "boa" do governo, a prática continua do mesmo jeito.

Às 11h04, o Ibovespa caía 1,41%, aos 113.438,19 pontos, após mínima diária a 113.404,63 pontos. Além de questões locais, preocupações com medidas restritivas na China também pesam na B3, com ações ligadas ao setor de commodities metálicas caindo fortemente. Vale ON cedia 2,35% e CSN ON perdia 4,41%.

Em relação aos precatórios, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que uma solução parcelada "não é sustentável."

Ele se reuniu na quarta-feira à noite com o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, para apresentar os detalhes da sua PEC para solucionar a questão dos precatórios. O presidente da Câmara, Arthur Lira, deve criar uma comissão especial para debater o tema.

Conforme a CM Capital, o sentimento de corrida eleitoral parece ter chegado também na ala econômica do governo. "O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a ampliação do Bolsa Família é uma das prioridades do governo. Para isso, Guedes vem pressionando os ministros do Supremo para auxiliarem o governo na aprovação da PEC dos Precatórios", cita em nota.

Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,96%, aos 115.062,54 pontos. O índice, segundo o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, não deveria perder o suporte dos 115 mil pontos, afim de evitar a descida para os 112 mil pontos. "Bom mesmo seria vazar os 118 mil e buscar os 121 mil pontos", cita em relatório.

Além da influência da queda do minério de ferro, que fechou em baixa de 8,09%, no porto chinês de Qingdao, na esteira da redução da produção de aço por lá, nas ações do segmento, as da Americanas também devem ficar no radar. A companhia comprou a Skoob, maior plataforma digital para leitores do País, com mais de 8 milhões de usuários. Os papéis da Americanas ON cediam 4,24%.

Nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego vieram dentro do esperado pelo mercado, enquanto as vendas do varejo no país subiram 0,7%, ante previsão de recuo de 0,8%. Por lá, os negócios podem ainda ser afetados pelo vencimento quádruplo, nesta sexta-feira.

O termo refere a um mesmo dia em que ocorre o vencimento de opções de ações, de índices futuros de ações, de ações e de "single-stock futures", um tipo de contrato futuro entre duas partes para trocar um número especificado de ações por um preço pré-acordado, explica Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico. "Em resumo, muito investidor correndo pra organizar as carteiras no mesmo pregão. Mais resumido ainda: volatilidade praticamente certa amanhã na bolsa lá fora."

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