Estadão

Com foco no Fed e na China, Ibovespa sobe 1,84%, aos 112.282,28 pontos

O Ibovespa chegou a subir um degrau a mais na escada de recuperação, retomando o nível de 113 mil pontos exatamente às 15h, quando era divulgado o comunicado sobre a decisão de política monetária do Federal Reserve. Embora a instituição tenha indicado que o processo de retirada de estímulos monetários deve ser iniciado em breve, a divisão quanto ao momento de elevação dos juros na maior economia do mundo não passou despercebida. Assim, o Ibovespa chegou a se antecipar a Nova York no movimento de renovação de máximas da sessão, aos 113.321,23 pontos, enquanto os índices de NY mostravam ganhos superiores a 1%.

"No parágrafo final (do comunicado), veio a ponderação de que estão estudando possível redução no programa de compra de ativos: algo que deve ser gradual, observando as condições, de que podem seguir com essa condução. Por ora, os indicadores mostram que existe possibilidade de redução de ritmo, com moderação. Como em junho, então de 2024 para 2023, trouxeram hoje projeções que sinalizam a possibilidade de trazer o aumento de juros, agora de 2023 para 2022. Não veio nada muito diferente do esperado, com relação à retirada do programa de estímulos", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

O comunicado do Fed mostrou que, para 2022, nove dirigentes esperam juros entre zero e 0,25% – ou seja, no nível atual, mantido por unanimidade na decisão desta quarta-feira, conforme esperado -, enquanto três esperam taxa entre 0,50% e 0,75% no próximo ano, e outros seis, entre 0,25% e 0,50%.

"Mais cedo ou mais tarde, ambas virão (retirada de estímulos e elevação de juros), com pelo menos dois impactos na já combalida economia brasileira: o Brasil ficará menos atrativo para os investimentos do exterior e haverá mais pressão para o câmbio", diz o economista Fabio Astrauskas, professor do Insper e CEO da consultoria Siegen.

Tendo isso em vista, os ganhos na B3, acompanhando piora em Nova York, perderam parte do fôlego durante a fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, após a euforia inicial com o comunicado sobre a decisão de política monetária. Como água fria para o mercado, Powell observou que há grande consenso entre os dirigentes do Fed sobre o cronograma do "tapering", como é conhecido o processo de redução das compras de ativos, que pode começar em breve e ser finalizado em meados de 2022, segundo indicou na entrevista coletiva desta quarta-feira.

Ao final da sessão, o Ibovespa mostrava alta de 1,84%, aos 112.282,28 pontos, em nível semelhante ao observado mais cedo, pela manhã, quando reagia positivamente, assim como o exterior, ao desmonte de cenário extremo, de crise sistêmica no setor imobiliário e financeiro da China a partir de eventual colapso da incorporadora Evergrande. Houve "alívio após unidade onshore da Evergrande dizer que chegou a um acordo com credores de títulos em yuans sobre o pagamento de juros" e "o BC da China também injetou mais capital de curto prazo no sistema financeiro", observa em nota a Terra Investimentos. Assim, a percepção que ganha força é de que a crise de solvência não resultará em contágio – no limite, a empresa tende a ser estatizada.

Nesta quarta-feira de decisão do Fed e de novos desdobramentos sobre a China, o giro financeiro na B3 ficou em R$ 36,0 bilhões, com o mercado à espera, agora, da decisão do Copom. Na semana, o Ibovespa virou hoje para o positivo, mesmo com desempenho ainda negativo para os três índices de Nova York no intervalo. A referência da B3 acumula ganho de 0,76% até quarta-feira, colocando as perdas do mês a 5,47% e as do ano a 5,66%. Hoje, iniciou a sessão aos 110.251,68, praticamente correspondente à mínima do dia (110.251,25 pontos).

Na B3, a forte recuperação do minério de ferro na China nesta quarta-feira, em alta superior a 16% em Qingdao, colocou mineração (Vale ON +3,55%) e siderurgia (Usiminas PNA +8,70%, Gerdau PN +5,84%) entre os destaques do dia, enquanto os ganhos entre os maiores bancos chegaram a 2,33% (BB ON), com a expectativa para o Copom, e os de Petrobras a 3,24% (ON) e 2,54% (PN). Na ponta do Ibovespa, além de Usiminas (+8,70%), destaque para Azul (+8,19%) e Cielo (+7,79%). No lado oposto, Hapvida (-3,89%), Intermédica (-3,88%) e Via (-2,39%).

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