Líderes do Partido Republicano e assessores de Donald Trump passaram as últimas horas analisando alternativas para o presidente. Aquartelado na Casa Branca, Trump se recusa a aceitar a derrota, exige ações legais para contestar os resultados e reclama que poucos aliados até agora foram defendê-lo em programas de TV, segundo relatos da imprensa americana.
Trump não tem planos de conceder a derrota para Joe Biden, mesmo após as viradas de ontem nos Estados da Pensilvânia e Geórgia e da iminente vitória do democrata no colégio eleitoral. Segundo a CNN, é esta posição que ele tem mantido em conversas com interlocutores. A Fox News também noticiou o mesmo cenário de impasse vivido dentro da Casa Branca.
Segundo a ABC News, fontes de dentro do governo confirmam que o presidente não aceitará a derrota e manterá até o fim as alegações de que a eleição foi fraudada. Os assessores mais próximos estariam divididos sobre dois caminhos possíveis. Parte defende o esgotamento das ações nos tribunais. Outros já pensam em virar a página e concretizar os planos de montar uma emissora, a "TV Trump", sonho antigo do presidente.
O apresentador Sean Hannity, da Fox News, um dos poucos comentaristas que têm acesso direto aos ouvidos de Trump, sugeriu a anulação da eleição da Pensilvânia com base em supostas violações da lei eleitoral. Outra possibilidade levantada por ele na noite de quinta-feira, em entrevista com o senador Lindsey Graham, fiel aliado do presidente, é pressionar os congressistas estaduais a nomear delegados próprios.
Os 20 votos da Pensilvânia no colégio eleitoral devem ser depositados pessoalmente por 20 eleitores, que são designados pelos legisladores estaduais. Hannity sugeriu que os congressistas da Pensilvânia – de maioria republicana – ignorem a votação popular, que teria sido fraudada, segundo ele, e indiquem a própria delegação – a eleição no colégio eleitoral ocorre no dia 14 de dezembro em todas as 50 capitais estaduais. Graham concordou. "Todas as opções devem permanecer sobre a mesa", disse o senador.
Outra possibilidade, que estaria sendo estudada por Trump e seus principais assessores, de acordo com reportagem do portal Político, é agir como se nada tivesse acontecido e voltar a trabalhar intensamente, como se estivesse começando um segundo mandato. Entre as ideias, segundo relataram três fontes da Casa Branca, estariam uma reforma do gabinete, a demissão do chefe do FBI, Christopher Wray, e do secretário de Defesa, Mark Esper.
Trump estaria disposto também a assinar uma nova onda de ordens executivas de caráter conservador, para agradar à sua base eleitoral, e retomar sua agenda de viagens.
Alguns assessores mais corajosos tentam convencê-lo a aceitar a derrota. O argumento é o de que Trump sai das urnas fortalecido. Ele teve mais votos do que quatro anos atrás, ganhou surpreendentemente cadeiras na Câmara dos Deputados, provavelmente manterá a maioria republicana no Senado e levou o partido a eleger mais governadores e legisladores estaduais do que era esperado.
Segundo Harry Hurt, biógrafo de Trump, ele cresceu com a mentalidade do pai, Fred Trump. "Ou você é um matador ou um perdedor", dizia o patriarca ao pequeno Donald, segundo Hurt. Em seu último ato de campanha, no dia da eleição, ao visitar o quartel-general de sua campanha, nos arredores da capital americana, Trump demonstrou um raro sinal de fragilidade. "Vencer é fácil. Perder que nunca é fácil. Não para mim." Por isso, os assessores acreditam que, se alguém apresentar ao presidente uma saída honrosa, talvez ele deixe a Casa Branca discretamente.
A maioria da equipe, no entanto, não acredita que o presidente saia em silêncio. Segundo a Fox News, Trump deve intensificar suas ações judiciais, pedir recontagens de votos em vários Estados e impugnar a maior quantidade de cédulas possível. "Ele é simplesmente cético. Ele alertou sobre isso por meses. A mídia não levou a sério e agora estamos nesta situação", afirmou um de seus assessores à Fox News. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>