A crise elétrica vivida pela população de Roraima, que por anos sofreu com o fornecimento caótico que vinha da Venezuela e hoje depende 100% da geração de térmicas a óleo diesel para iluminar suas casas, pressiona agora a distribuidora de energia do Estado. A empresa Roraima Energia, responsável por abastecer Boa Vista e o interior do Estado, dona de dívidas milionárias, corre risco de se inviabilizar financeiramente.
A situação das contas da empresa levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a enviar, dez dias atrás, um ofício para o presidente da companhia, o ex-ministro de Minas e Energia Márcio Zimmermann, para cobrar um "plano de resultados" sobre as contas da concessão, ao constatar que "a situação econômico-financeira da concessionária é preocupante".
Até dezembro do ano passado, o endividamento líquido da empresa chegava a R$ 877 milhões. O problema não é a dívida em si, mas como quitá-la. No fim do ano passado, a empresa fechou com resultado negativo de R$ 68 milhões. O cenário levou a área técnica da agência reguladora a alertar que a situação "pode implicar a perda das condições econômicas" da concessão, que desde 2018 saiu das mãos da Eletrobras e passou a ser comandada pela empresa privada Oliveira Energia.
<b>Auditoria</b>
Desde 2019, já sob gestão privada, a Roraima Energia passou por auditoria da empresa KPMG, que chamou a atenção para "a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia".
A situação se agravou em 2019, quando o governo Bolsonaro rompeu com o abastecimento de energia que comprava da Venezuela, por meio da estatal Corpoelec. Hoje, há 70 usinas térmicas em atividade no Estado.
Questionada sobre o assunto, a Roraima Energia declarou que o fato de não estar conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de transmissão de energia tem prejudicado suas operações. "Tal condição imputou à distribuidora uma série de assimetrias que contribuíram para o aumento do seu endividamento, as quais já vêm sendo tratadas junto à agência reguladora." A empresa também atribuiu parte do drama financeiro a dívidas em aberto com empresas do governo estadual.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>