Cerca de 300 cubanos bloquearam por oito horas, entre terça e quarta-feira, 30, uma ponte na Ciudad Juárez, no México, que faz fronteira com os Estados Unidos, exigindo que possam aguardar seus pedidos de asilo em território americano.
Aos gritos de "queremos passar, queremos passar!", os manifestantes se posicionaram na faixa de pedestres da ponte Paso del Norte, na fronteira com o Texas, até a madrugada de quarta-feira, suportando baixas temperaturas.
Em resposta ao protesto, as autoridades dos EUA colocaram arame farpado na beira do viaduto e mobilizaram a tropa de choque. "Movimento não autorizado além deste ponto levará à prisão", advertiu um agente dos EUA por meio de um alto-falante.
"Que eles nos deixem esperar por nosso (processo de) asilo político dentro dos Estados Unidos, é a única coisa que estamos pedindo", disse o cubano Raudel Tejeda à agência France Presse.
Os migrantes denunciaram que enquanto aguardavam seus processos em território mexicano, tiveram seus direitos violados. "Não saímos de Cuba para morar aqui no México. A polícia mexicana nos maltrata muito, pede dinheiro para tudo, nos sequestra. Há muita violência", denunciou Laura García.
Elier Rojas, um migrante cubano que está em Ciudad Juárez há cerca de um ano, mostrou pancadas na cabeça e garantiu que foi atingido por policiais de Ciudad Juárez. O governo mexicano não se pronunciou sobre as denúncias.
Jonathan Castro disse à agência Reuters que passou um ano e oito meses no México depois de tentar pedir asilo nos EUA. Como muitos outros cubanos, ele foi enviado de volta pela fronteira. "Estamos fartos de esperar", disse ele, acrescentando que o grupo se formou na fronteira depois que circulou a notícia de que as autoridades dos EUA estavam preparadas para deixá-los passar.
Os Estados Unidos enviaram cerca de 60 mil migrantes para o território mexicano, a maioria deles da América Central e de outros países latino-americanos, sob o programa Fique no México, imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Essa política prevê que os requerentes de asilo que chegam à fronteira sul do país aguardem em território mexicano a resolução de seus casos. Mas a emergência de saúde derivada da disseminação da covid-19 em ambas as nações colocou os procedimentos em espera.
Após as enormes caravanas do fim de 2018 e início de 2019, Trump ameaçou o México com sanções comerciais se não tomasse medidas para conter a onda de imigração. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, então enviou cerca de 26 mil militares para suas fronteiras norte e sul. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)