A candidata esquerdista Xiomara Castro, ex-primeira-dama de Honduras, reivindicou sua vitória nas eleições presidenciais, após abrir uma vantagem de quase 20 pontos porcentuais sobre seu principal adversário, o governista Nasry Asfura – com pouco mais da metade dos votos apurados.
Caso a vitória seja confirmada, Xiomara será, aos 62 anos, a primeira mulher a ocupar o cargo em Honduras. Com uma apuração lenta, no início da noite de ontem, ela tinha 53,6% dos votos, ante 34% de Asfura, do Partido Nacional. Em terceiro lugar aparece o candidato do Partido Liberal, Yani Rosenthal, com 9%. Esta é a maior vantagem já registrada no país desde o retorno à democracia, em 1980.
<b>RECONCILIAÇÃO</b>
Xiomara é mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe militar, em 2009, após aproximar Honduras da Venezuela de Hugo Chávez. Na campanha, a ex-primeira-dama prometeu "um governo de reconciliação". "Estendo minhas mãos a meus opositores, pois não tenho inimigos. Convocarei um diálogo com todos os setores", assegurou.
Caso se torne a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente de Honduras, Xiomara colocará fim a uma hegemonia de 12 anos do Partido Nacional, o mais tradicional do país, e substituirá o conservador Juan Orlando Hernández, que encerrará seu mandato envolvido em denúncias de narcotráfico e corrupção. "A esta altura (o resultado) é irreversível", disse o ex-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Augusto Aguilar. "É tanta a diferença, algo jamais visto na história de Honduras."
<b>ALIANÇA</b>
O Partido Liberdade e Refundação, de Xiomara, se aliou a outras legendas para enfrentar o Partido Nacional. A aliança também reivindicou a vitória nas prefeituras da capital, Tegucigalpa, e de São Pedro Sula, as duas maiores cidades do país, apesar de a apuração das eleições municipais só começar quando terminar a presidencial.
O presidente do CNE, Kelvin Aguirre, destacou a participação "histórica" de 62% dos eleitores: 3,2 milhões de hondurenhos compareceram às urnas. Se a vitória de Xiomara for confirmada, ela assumirá um país afetado pela violência das gangues, pelo narcotráfico e constantemente atingido por furacões. Além disso, ela herdará uma crise econômica grave. O desemprego chega a 11%, impulsionado pela pandemia, que leva milhares de hondurenhos a tentar migrar ilegalmente para os EUA. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>