Melhora externa após a queda da véspera conduz a uma recuperação do Ibovespa no primeiro pregão de dezembro, após amargar a quinta queda mensal seguida em novembro. A alta do índice Bovespa está amparada na valorização firme das bolsas europeias, dos índices acionários futuros americanos e das commodities, mesmo após o tom duro de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), ontem, indicando retirada mais rápida dos estímulos monetários, e diante dos temores com a variante de covid-19 Ômicron.
Ainda que as preocupações persistam, dados preliminares indicando que as vacinas funcionam contra a nova cepa podem dar alento.
A sinalização de que o cenário está desanuviando também vem da expectativa de aprovação da PEC dos Precatórios em primeiro turno no plenário do Senado e da reafirmação do rating do Brasil em moeda estrangeiro em BB- pela S&P Global.
"Dezembro começa com as bolsas mundiais em recuperação após o final de novembro marcado pela nova variante do coronavírus Ômicron", observa em relatório, Antônio Sanches, especialista em investimentos da Rico, lembrando que o movimento acontece enquanto são discutidos os impactos da nova variante na economia e a eficácia das vacinas.
Setores relacionados à reabertura econômica também voltaram a se recuperar, uma vez que, apesar dos riscos, segundo a Universidade de Oxford, também não há evidências de que a Ômicron tornará as vacinas e tratamentos atuais menos eficazes. Na B3, não deve ser diferente, com ações ligadas ao consumo, turismo, entre outras, indo em busca de alta. "Até o momento, casos da nova cepa foram identificados em mais de 12 países, incluindo o Brasil, causando novas restrições em viagens de origem do continente africano", cita Sanches.
No entanto, como a votação da PEC será só no fim da tarde, o que dá espaço para alterações no texto, o Ibovespa não deve ficar imune à volatilidade. Além disso, a agenda de dados e eventos nos EUA pode reforçar tal expectativa.
"No Brasil, a melhora externa deve favorecer câmbio e bolsa, mas os ativos no geral ficam atentos à possível votação da PEC dos precatórios no Senado", estima o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota.
O texto da PEC sofreu alterações que permitiram a inclusão de precatórios da natureza alimentícia como prioridade. Segundo a Rico, com essas mudanças não há abertura adicional do teto de gastos para novas despesas. "Ou seja, o governo segue tendo que apertar o cinto nas despesas."
Na agenda, hoje, Powell, volta a falar, mas o discurso deve ser parecido ao de ontem. Ainda assim, merece ser acompanhado. Tem ainda a divulgação do Livro Bege dos EUA. Nesta manhã, saiu o indicador de emprego do setor privado da ADP, que serve como prévia do payroll (sai na sexta). O setor privado do país criou 534 mil empregos em novembro. O número veio acima da expectativa de analistas, de geração de 506 mil postos de trabalho. Por outro lado, a ADP revisou levemente para baixo sua estimativa de criação de empregos em setembro, de 571 mil para 570 mil. Fica ainda no radar a sabatina de André Mendonça.
Além da valorização superior a 3% do petróleo no exterior, as ações da Petrobras se beneficiam da notícia de que a companhia finalizou a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e seus ativos logísticos na Bahia. O negócio foi fechado com a MC Brazil Downstream Participações, empresa do grupo Mubadala Capital, por US$ 1,8 bilhão. Às 10h49, os papéis subiam 4,08% (PN) e 3,32% (ON).
Já o minério fechou com alta (2,05%), a US$ 104,49 a tonelada, no porto chinês de Qingdao, o que dá sustentação aos papéis de mineradoras e siderurgia no Ibovespa. Vale ON avançava a 2,30%; Gerdau PN, 3,76%; Usiminas PNA, 5%; e CSN ON, 3,40%. O setor financeiro também sobe, com destaque para Itaú Unibanco PNA e Bradesco, na faixa de 2%.
Às 10h50, o Ibovespa subia 1,77%, aos 103.716,29 pontos, após abrir aos 101.916,30 pontos e ante máxima diária aos 103.810,36 pontos. Já no pré-mercado de Nova York, a alta era entre 1% e 1,27%.