Casa Branca prevê mínimo de 100 mil mortos nos EUA

No dia em que os EUA superaram o número de mortos da China, a Casa Branca anunciou que o país precisa se preparar para ter entre 100 mil e 200 mil mortes por coronavírus. O presidente, Donald Trump, e os especialistas que orientam o governo, pediram que os americanos se atenham às políticas de distanciamento social e disseram que as próximas duas semanas serão dramáticas.

"A pergunta é o que aconteceria se não fizéssemos nada? O número de mortos subiria a 1,5 milhão ou 2,2 milhões. Teríamos pessoas morrendo em lobbies de hotel, nos aeroportos. Isso não poderia continuar", disse Trump. "Serão duas semanas muito dolorosas. Quando você olha o tipo de morte que tem sido causada por esse inimigo invisível, é incrível."

O presidente disse que é "absolutamente crítico" que todos os americanos sigam as restrições de circulação pelos próximos 30 dias. "É uma questão de vida ou morte", afirmou.

Os gráficos mostrados ontem pela Casa Branca indicam que, em algum momento, o número de mortes começará a desacelerar, mas o país continuará contado corpos até junho. Os dados são de um modelo da University of Washington e levam em conta os dados de outros países que enfrentam o problema, como a Itália.

O número de mortos nos EUA superou ontem o da China, onde a pandemia começou. Autoridades americanas já registraram mais de 180 mil casos e 3,6 mil óbitos – pela primeira vez, o número de vítimas ultrapassou também a quantidade de mortos nos atentados do 11 de Setembro. A China tem 3,3 mil mortos e pouco mais de 80 mil casos – embora cada vez mais esse número pareça irreal.

<b>Estimativa</b>

Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e médico que comanda a força-tarefa da Casa Branca contra a pandemia, disse ontem que os casos continuarão subindo nas próximas semanas, o que não pode fazer os americanos relaxarem o confinamento.

"As orientações dos últimos 15 dias tiveram efeito, apesar de ser difícil quantificar. Agora, não é hora de tirar o pé do acelerador, mas apertar mais", afirmou Fauci. Segundo ele, só o isolamento evitará novos picos. "Temos esses números, mas não quer dizer que os aceitamos. O modelo é atualizado todos os dias. Faremos tudo o que pudermos para reduzi-lo", disse Fauci.

A médica Deborah Birx, da equipe de Fauci, disse que não há "receita mágica" para combater o vírus. "Nossos comportamento pode mudar o rumo da pandemia", afirmou. Segundo ela, o esforço agora é para controlar os picos já registrados e evitar que outras regiões se tornem epicentro da pandemia.

<b>Ajuda</b>

O epicentro da disseminação do vírus nos EUA ainda é o Estado de Nova York, que concentra quase metade de todos os casos. A cidade de Nova York tem recebido reforço para expandir sua rede hospitalar, após alerta de médicos e autoridades locais de que não haverá leitos e respiradores suficientes para o tratamento de todos.

Um navio-hospital, o USNS Comfort, atracou ontem no Porto de Nova York para atender os casos urgentes que não forem relacionados ao vírus. A embarcação tem 750 leitos. No gramado do Central Park, no coração de Manhattan, foram montadas tendas para tratar infectados e ampliar a capacidade do hospital Mount Sinai.

O primeiro caso de coronavírus no país foi confirmado em 20 de janeiro e a primeira morte aconteceu cerca de um mês depois. Só em março os Estados começaram a adotar medidas mais drásticas para conscientizar a população e estabelecer diretrizes de distanciamento social.

As orientações federais vieram somente a partir do dia 16, depois de Trump ter perdido muito tempo minimizado a gravidade da pandemia. Atualmente, três em cada quatro americanos vivem em locais onde há algum tipo de quarentena.

É o caso da capital americana. Washington, assim como os Estados de Maryland e Virgínia, editaram uma determinação, na segunda-feira, para que moradores que desrespeitarem as restrições de circulação impostas possam ser severamente punidos. No caso da capital, a multa para quem descumprir o estabelecido pela prefeitura é de até US$ 5 mil (cerca de R$ 25 mil) e até 90 dias de prisão.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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