Alívio por espera de pacote nos EUA impulsiona Ibovespa

Depois de idas e vindas, espera-se a aprovação de um pacote de estímulo no valor de US$ 1,6 trilhão para limitar os impactos do coronavírus na economia norte-americana, um dos principais impulsionadores das bolsas europeias para altas de no mínimo 4% e também em Nova York, onde o menor ganho é de 5,33% (Nasdaq). Essa expectativa também contagia o Ibovespa, que avança mais quase 5,5 mil pontos ante a véspera (63.569,62 pontos). A estimativa de ainda tem como amparo a continuidade de medidas mundo afora e inclusive no Brasil para abrandar os efeitos da pandemia sobre a população, sobre a atividade.

A confirmação da abertura positiva em Nova York ajuda a sustentar o Ibovespa acima dos 69 mil pontos nesta manhã. A menor aversão a risco também ajuda a deixar o dólar em baixa de mais de 1,4%, em torno de R$ 5,06.

Na B3, a alta é generalizada, com queda de apenas 0,24% de TIM ON, de um total de 73 papéis da carteira do Ibovespa.

Há pouco, o G-7, composto pelos sete países mais industrializados do mundo, informou que o sistema financeiro global está melhor posicionado para suportar choques. O grupo disse que poderá promover comércio global e investimentos para garantir prosperidade ao mundo. Uma outra notícia que também pode ser vista como bem-vinda é a de que conforme o embaixador da China, o presidente Jair Bolsonaro e o líder chinês, Xi Jinping, reafirmaram necessidade de ampliação comercial.

Além da valorização dos mercados acionários no exterior, um bom termômetro para se esperar ganhos aqui também são as commodities: o petróleo avança entre 1% e 2,6%, enquanto o minério de ferro encerrou com valorização de 3,38% na China, nesta terça-feira, ajudando a impulsionar as principais blue chips da B3 – Petrobras e Vale.

Ambos os papéis sobem em torno de 9%. E para tentar minimizar os impactos negativos da pandemia, a Vale antecipará R$ 160 milhões em pagamento a mais de mil fornecedores, além de anunciar que desembolsará linhas de crédito rotativo no total de US$ 5 bilhões, sendo uma de US$ 2 bilhões com vencimento em junho de 2022 e outra de US$ 3 bilhões, com vencimento em dezembro de 2024.

Para o diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso, a sensação nos mercados é que as medidas anunciadas por bancos centrais e governos estão renovando forças em um momento de grande sensibilidade. "Dá conforto e indica que há munição para combater tudo isso por mais que a crise seja grave, e de fato é, pois irá prejudicar o comércio bilateral. É uma crise intercontinental, isso é muito sério", descreve, acrescentando que seria prudente fechamento das bolsas, como alguns defendem.

Os sinais externos dos mercados acionários e do próprio dólar ante o real são bons indícios de que, talvez, esteja começando um processo de um pouco de normalização. "Pode ser que o Brasil sofra mais que outros países, mas a reação dos mercados hoje pode ser um início de reversão, ou pelo menos que não tenhamos mais fortes perdas. Por isso, as medidas de estímulo são importantes", afirma Barroso.

Ainda atento ao ruído político, internamente o investidor aguarda a atuação do Congresso, que tenta articular medidas fiscais para aliviar impacto do vírus, cita em nota a MCM Consultores. Fica também no radar o desgaste na seara política após o deslize do governo em relação à medida provisória (MP) que flexibiliza débitos de contribuintes com a União, que dá até 70% de desconto do total da dívida de pessoas físicas e jurídicas. Hoje, o Senado deve votar, em sessão virtual, a MP, que chegou a permitir suspensão dos contratos de trabalhadores por quatro meses.

Apesar da expectativa de que as ações locais ajudem a abrandar os impactos negativos, Barroso avalia que o cenário para áreas ainda deve continuar difícil. Hoje, por exemplo, a Gol reduziu a malha aérea para 50 voos diários ligando as capitais brasileiras. "Pode ser um momento que exigirá, promoverá mais fusões e aquisições", estima. Hoje, as ações de Gol e Azul sobem hoje entre 17% e 18%, respectivamente.

Além disso, o setor de consumo deve continuar no centro das atenções, à medida que oficialmente o comércio tem de ficar fechado a partir de hoje em São Paulo. No entanto, Barroso avalia como relativamente positivo o resultado das vendas do varejo ampliado de janeiro. Embora ainda não tenham levado em conta os efeitos do coronavírus, é menos um dado negativo. "E os incentivos do governo podem minimizar as perdas."

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