Após um começo de jornada cheio de problemas, a Audi teve motivos para sorrir na edição 2022 do Rally Dakar, na Arábia Saudita. O espanhol Carlos Sainz obteve, nesta terça-feira, a primeira vitória em especiais com o RS Q e-tron, o primeiro carro elétrico a ganhar uma etapa do maior rali do mundo. O triunfo veio na disputa do trecho cronometrado de 255km em laço em Al Qaisumah. Na classificação geral, após três estágios, Nasser Al-Attiyah segue como grande favorito ao título. O catariano da Toyota suou frio com a chance até de ser desclassificado, mas escapou da punição mais dura e continua na liderança.
Quanto a Nasser, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA, na sigla em francês) detectou que o sistema de registro de dados do motor do seu Toyota Hilux estava desconectado durante a segunda especial. Segundo o artigo 13.1.2 do Regulamento Desportivo estabelecido pela entidade para a disputa da prova, parte agora do Mundial, tal infração é passível até de desclassificação. Mas a entidade perdoou Al-Attiyah pelo fato de ter sido a primeira vez que houve a infração da regra e determinou punição bem mais branda: uma multa de 5 mil euros (R$ 32 mil na cotação atual).
Vencedor da segunda especial, na segunda-feira, Sébastien Loeb abriu o pelotão e largou na frente nesta terça. Entretanto, o lendário piloto francês perdeu muito tempo em razão de dois pneus furados e ainda enfrentou um problema na transmissão quando restavam 10 minutos para o fim da especial. Loeb conseguiu cruzar a zona de meta, mas apenas em 26.º lugar.
A Audi teve, realmente, um grande dia, com seus três carros entre os cinco primeiros da especial. O multicampeão francês Stéphane Peterhansel terminou em terceiro, enquanto que o sueco Mattias Ekström finalizou em quinto. O Top 5 foi completado ainda pelo espanhol Nani Roma na quarta posição.
Por sua vez, Al-Attiyah terminou na oitava posição da especial. Na classificação geral, Nasser lidera com 37min40s de frente para Loeb, enquanto que o argentino Lucio Álvarez é o terceiro, com 42min06s de déficit para o líder. Carlos Sainz aparece em 25.º no geral.
MOTOS – A terça-feira marcou um dia histórico para Joaquim Rodrigues e para a Hero. Cunhado de Paulo Gonçalves, que morreu ao disputar o maior rali do mundo na edição de 2020, o português venceu pela primeira vez uma especial da prova e, de quebra, também de forma inédita, levou a marca indiana ao topo.
A especial desta terça-feira foi modificada pela organização do Dakar em razão das fortes chuvas na região de Al Artawiyah, de modo que foi preciso ser providenciada uma mudança na rota original. A etapa foi encurtada em 100km, teve deslocamento inicial de 214km, trecho cronometrado de 255km e um deslocamento final de 166km.
As chuvas, de certa forma, até favoreceram os pilotos, que tiveram pela frente uma areia mais pesada e, consequentemente, mais aderente. O cenário climático, contudo, ainda é bem diferente do que aconteceu na cidade de Tabuk, atingida por uma rara nevasca no último sábado.
A prova foi dominada pela sensação do Dakar nesta primeira parte da edição de 2022. Daniel Sanders, no entanto, perdeu ritmo no trecho final da rota e caiu para quinto, em cenário que se configurou na primeira vitória de Rodrigues, sempre muito perto dos ponteiros desde o início da especial. Toby Price, da equipe de fábrica da KTM, foi o segundo, à frente da surpresa Mason Klein, americano que corre com KTM, mas de equipe privada. Skyler Howes foi o quarto de Husqvarna, à frente de Sanders, da GasGas.
Já Joan Barreda, da Honda, pagou um preço caro por ter largado na frente. Vencedor da etapa da última segunda-feira, o veterano espanhol perdeu muito tempo em uma jornada complicada e finalizou a especial somente em 24.º.
Menção honrosa para Danilo Petrucci, que abandonou a disputa geral do Dakar em razão de problemas na bomba de combustível na moto da KTM e não completou a especial de segunda-feira. Entretanto, a título de aprendizado, o italiano segue na prova, embora com punição de 11 horas. Mesmo assim, o ex-piloto da MotoGP se mostrou feliz por continuar no Dakar. Nesta terça, foi o 22.º colocado no geral.
Em termos de disputa geral do Dakar, a batalha segue acirradíssima e com quatro segundos separando primeiro e segundo colocados nas motos. Sam Sunderland, só o 17.º nesta terça-feira, lidera com a GasGas, mas com vantagem ínfima para Adrien Van Beveren, da Yamaha, nono colocado na terceira especial. Matthias Walkner aparece em terceiro, à frente de Skyler Hoes e de Daniel Sanders. Joaquim Rodrigues, por sua vez, é o 17.º na classificação geral.