Com difusão de vírus mais contagioso, UE inicia a vacinação de 450 milhões

A União Europeia (UE) começou neste domingo (27) a vacinar toda a população contra a covid-19 e corre contra o tempo para tentar barrar a disseminação de uma nova cepa do vírus ainda mais contagiosa que foi detectada no Reino Unido e já atingiu Alemanha, França, Espanha, Suécia e Itália. O desafio é imunizar 450 milhões de pessoas nos 27 países do bloco.

Médicos, enfermeiras e idosos começaram a ser imunizados no domingo. "Não senti nada, nada", afirmou, sorridente, Araceli Hidalgo Sánchez, de 96 anos, a primeira pessoa a receber a aguardada dose na Espanha, em uma casa de repouso de Guadalajara, na região central do país.

Apesar dos bloqueios nacionais, as restrições de circulação, o fechamento de restaurantes e o cancelamento de festas de Natal, o vírus não tá trégua ao continente. A descoberta há pouco mais de uma semana de uma variante mais contagiosa da doença no Reino Unido obrigou um novo fechamento de fronteiras entre os países, como havia ocorrido no começo da pandemia, no início deste ano.

"Hoje, começamos a virar a página em um ano difícil", escreveu Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia no Twitter. Para o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, a chegada da vacina não poderia demorar mais – o país foi o primeiro do Ocidente a ser atingido pela pandemia e o número atual de mortos está de novo entre os piores da Europa – quase 72 mil. "Hoje a Itália desperta", escreveu ele, no Twitter, após a enfermeira Claudia Alivernini, de 29 anos, que trabalha no hospital Spallanzani, em Roma, ser a primeira pessoa a ser vacinada no país. "Esta data permanecerá conosco para sempre", disse Conte.

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, chamou o imunizante, que foi desenvolvido em tempo recorde, de uma "virada de jogo". "Sabemos que hoje não é o fim da pandemia, mas é o início de uma vitória", afirmou.

As doses da vacina, desenvolvida pela americana Pfizer e pela alemã BioNTech, começaram a chegar aos hospitais da UE na sexta-feira, vindas de uma fábrica na Bélgica. Cada país deve receber apenas uma fração do que precisa – menos de 10 mil nos primeiros lotes. Em janeiro, uma remessa maior deve estar disponível.

Ao todo, as 27 nações da UE registraram pelo menos 16 milhões de infecções por coronavírus e mais de 336 mil mortes – números assustadores, que os especialistas ainda dizem que podem ser maiores por causa da subnotificação e da testagem limitada.

<b>Receio</b>

Na França, o país que registrou a primeira morte pela doença no bloco, em 15 de fevereiro e onde há um questionamento sobre segurança das vacinas, o governo tem sido cauteloso em suas mensagens e está empenhado em mostrar que a imunização não será feita à força. No país, a campanha começou no domingo em um lar de idosos em uma área pobre fora de Paris, mas não foi transmitida ao vivo pela TV, como ocorreu em outros lugares da Europa, e nenhum ministro estava presente.

"Não precisamos convencê-la. Ela disse: Sim, estou pronta para qualquer coisa para evitar essa doença", disse Samir Tine, chefe de serviços geriátricos da casa de saúde Sevran onde foi aplicada a primeira injeção no país, em uma idosa de 78 anos.

Entre os políticos que receberam vacinas neste domingo, como uma forma de incentivar a população a aceitar a imunização, estava o ministro da Saúde da Bulgária, Kostadin Angelov. "Mal posso esperar para ver meu pai de 70 anos sem medo de que eu possa infectá-lo", disse Angelov. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, também foi imunizado. "É um grande dia para a ciência e para a União Europeia." (Com agências internacionais).

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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