Depois de testar mínima aos 104.974,25 pontos, com queda de 0,67%, o Ibovespa tenta seguir o viés positivo dos índices futuros de ações dos Estados Unidos e com mudança de sinal para alta das ações da Petrobras. Lá fora, investidores avaliam os dados de inflação norte-americanos informados hoje pelo PPI dezembro, que também mostrou pressão, após o CPI ontem ter apresentado a maior alta (7%) anual desde forte desde 1982 no país.
"Que o tapering vai terminar em março ninguém tem dúvida. A dúvida é se o Fed dará três ou quatro altas, e quando começara a reduzir o balanço patrimonial. Junto com isso tem a expectativa de desaceleração da China, de PIB menor por causa da Ômicron", afirma o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira. "Os mercados estão tentando se ajustar com todas essas informações."
De acordo com Bandeira, a decisão de Jair Bolsonaro de determinar que a gestão orçamentária terá que ter aval da Casa Civil, indica que o presidente "jogou decisões políticas no colo do Centrão". Isso, avalia, tende a piorar para o próximo presidente em termos de regorganização.
Às 11h21, o Ibovespa cedia 0,02%, aos 105.668,32 pontos. O petróleo passava a subir em torno de 0,20%, com as ações da Petrobras mudando para alta de cerca de 1%.
Para Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos, os ruídos políticos e fiscais acabam incomodando mais o investidor local do que o estrangeiro, que segue aproveitando algumas oportunidades. "Tanto por causa das eleições como por causa das questões envolvendo o próprio governo", diz, completando que há tempos fala-se que o Ibovespa está muito descontado em relação a principalmente as bolsas americanas. "Mas de fato ainda há um prêmio de risco interessante, e isso continua."
De todo modo, o viés negativo do Ibovespa hoje nada mais é do que um ajuste, afirma Diego Dantas, Analista de Alocação de Renda Variável da Blue3. Ele lembra que ontem as bolsas asiáticas tiveram alta expressiva, passando por hoje correção, enquanto as europeias operam de "lado" e as americanas tentam subir novamente. "A inflação dos EUA é a palavra-chave do momento", afirma.
Enquanto o petróleo testa alta, o minério de ferro passou por correção, encerrando com queda de 2,85%, no porto chinês de Qingdao. Investidores mundiais continuam preocupados com o avanço da variante Ômicron de covid-19 e também com a escalada inflacionária.
De todo modo, diz em nota Bandeira, a indicação do Fed, de ajustes da política monetária, deu mais clareza ao mercado, ainda que não tenha determinado prazo. Conforme ele, foi positivo o Ibovespa ter chegado ao nível dos 105.600 pontos estipulados pelo Modal e que agora precisa superar a marca dos 108.600 pontos para ganhar consistência. Ontem, subiu ontem pelo segundo dia seguido, fechando aos 105.685,66 pontos (alta de 1,84%).
O crescimento superior ao esperado no volume de serviços em novembro ante outubro (2,4%) e em relação ao penúltimo mês de 2020 (10%) pode dar algum alívio, avalia Dantas, da Blue3.
Para os próximos meses, a equipe Macro & Estratégia do BTG Pactual digital ainda visualiza espaço para a recuperação parcial dos serviços prestados às famílias e demais atividades ligadas ao turismo. Porém, avalia em nota que estes grupos têm demonstrado menor correlação com o aumento da circulação de pessoas.
Além disso, as ações do Itaú devem ficar no radar, dado que o banco pode ser um dos maiores interessados nas operações de varejo do Citi no México, avaliadas em ao menos US$ 9 bilhões.
No entanto, o avanço da variante Ômicron de coronavírus, que levou o mundo a superar a marca recorde de 15 milhões de novos casos de infecção por covid-19 ao longo da última semana pode sobrepor a eventual expectativa com o resultado da pesquisa de serviços no Brasil.
Por aqui também há preocupação em relação ao aumento de notificações e, além das filas em unidades de saúde, o País pode ter falta de kits de testes de covid. Com isso, teme-se ainda mais pressão por causa do encarecimento dos produtos ligadas à área de saúde.