A greve de agentes da segurança pública de Minas Gerais, que ocorre em Belo Horizonte, só trará impactos eleitorais ao governador Romeu Zema (Novo) se houver aumento nos crimes violentos. A avaliação é do cientista político Rondon Porto. Segundo o especialista, "se BH virar o caos por razões policiais, até o próprio Kalil (Alexandre Kalil, PSD, prefeito da capital) sofreria com isso", disse ao <b>Broadcast Político</b>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Como mostrou o <b>Estadão</b>, líderes do movimento e de sindicatos da área de segurança foram às ruas ontem (21) em protesto por recomposição salarial das perdas causadas pela inflação. Em votação, a categoria aprovou paralisação e a manutenção de 30% dos serviços à população, inclusive bombeiros e defesa civil, além de policiais militares e civis, e agentes penitenciários. No entanto, para os militares, é proibido fazer greve, mesmo mantendo um porcentual de profissionais em atividade.
O movimento da categoria conta com o apoio de deputados estaduais e federais que têm os membros da segurança pública como base política. A deputada estadual Delegada Sheila (PSL-MG) disse ao <b>Broadcast Político</b> que participou do movimento, juntamente com outras figuras políticas, e aguarda uma agenda com governo para resolução da proposta.
"O Regime de Recuperação Fiscal (RRF) trava a pauta, mas não impede recomposição de perdas salariais", enfatizou Sheila. Zema divulgou nota ontem (21) dizendo que dependeria da equalização da dívida de Minas Gerais com a União para ter condições de atender ao pleito de recomposição salarial de 41% feito pelos profissionais de segurança. O governo defende a adesão do Estado ao RRF para recomposição salarial e aguarda aprovação do projeto, que está desde 2019 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
<b>Apoio de deputados</b>
De acordo com Sheila, os deputados estaduais Sargento Rodrigues (PTB), Coronel Sandro (PSL) e Heli Grilo (PSL) participam do debate, além dos deputados federais Subtenente Gonzaga (PDT), Junio Amaral (PSL) e Léo Motta (PSL).
A sinalização de figuras políticas, segundo Porto, até mesmo de deputados bolsonaristas em apoio ao movimento, não indica enfraquecimento a Zema, mesmo o governador tendo traçado uma trajetória de alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
O especialista pondera que o suporte às reivindicações é uma forma de não perder a força com "companheiros ideológicos". "Os deputados bolsonaristas estão visando a reeleição, já que são militares e suas bases são os militares", completou o cientista político.
"Os municípios que definem a eleição em MG para governo são Uberlândia, Uberaba, Região Metropolitana de BH e Juiz de Fora. Se a greve não causar impacto nesses principais municípios, não repercutirá ao Zema", explicou o especialista. O governador lidera as pesquisas de intenção de voto no Estado, inclusive no norte de Minas, predominantemente lulista.
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