Na noite desta quinta, 24, a Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (Arfoc-SP) abre sua 16ª Mostra Anual de Fotojornalismo com a produção de 116 profissionais da área feita em 2021. A abertura acontece com uma projeção na Rua Rafael de Barros, esquina com Rua Cubatão, no Paraíso, com transmissão ao vivo pelas redes sociais da Arfoc-SP.
Este ano, a exposição estava prevista para acontecer em formato presencial, plano que precisou ser adiado por conta do avanço da variante Ômicron. Como aconteceu em 2020, a mostra será realizada em formato virtual e as imagens poderão ser conhecidas no site www.arfocsp.org.br, onde estarão todas as fotos e vídeos da mostra.
Serão expostas 248 fotografias e nove videorreportagens, produzidas ao longo de 2021, divididas em três categorias: individual, ensaio e audiovisual. Além disso, a mostra terá dois profissionais homenageados. Uma delas é a fotojornalista do Estadão Gabriela Biló, que faz a cobertura política de Brasília em imagens. Será homenageado também o fotógrafo João Bittar, cuja ausência completa dez anos, deixando como legado um trabalho que ainda é referência no fotojornalismo brasileiro e que continua influenciando gerações de profissionais.
<b>PANDEMIA</b>
Além de mudar os planos da exibição, a covid aparece nas imagens que serão expostas. "É inevitável, a gente observa isso em quase todas as editorias, temos no mundo político a CPI, o uso ou não de máscaras, os estádios esportivos vazios, inclusive na Olimpíada", afirma Toni Pires, presidente da Arfoc-SP.
A pandemia também terá destaque no ensaio documental feito pela homenageada. Biló selecionou uma série de imagens que fez enquanto esteve isolada e internada com a doença em 2021, quando precisou receber suplementação de oxigênio.
"Começo (o ensaio) com a câmera e termino com o celular porque não sustentava mais o peso da máquina. Foi difícil entender que eu não estava bem e foi uma amiga que percebeu isso porque eu não estava mais falando", lembra Biló. "Fiquei sete dias internada com oxigênio e lembro que eu pensava: se não sobreviver, pelo menos vou documentar meus últimos dias." Ela diz que sempre viu na fotografia uma maneira de encarar sua própria mortalidade e, nesse momento, não fez diferente.
Dos oito anos trabalhando no Estadão, a fotojornalista Gabriela Biló está há dois cobrindo a rotina política de Brasília. "Ela se destacou tanto no seu trabalho nas páginas do jornal, nos bastidores, por conseguir uma comunicação perspicaz nas redes sociais, além do fato de chegar num lugar extremamente machista e executar seu trabalho de uma maneira muito singular", diz Toni Pires.
"Ela é jovem e acreditamos ser importante que a gente olhe para eles também – o grande prêmio da Biló é estar onde poucos estiveram e fazer bem. Sua eleição foi unânime entre diretoras e diretores", continua. "Fiquei muito feliz porque nos anos anteriores foram homens os escolhidos e é legal agora ser uma mulher", comemora a fotógrafa.
<b>BOLSA</b>
Outra "prata da casa" que vai ter trabalho a ser exposto na mostra é o fotógrafo Thiago Queiroz. Sua imagem mostra o coletor de recicláveis Tony Oliveira andando numa calçada e alheio à movimentação causada pela a inauguração da escultura Touro de Ouro, na frente da Bolsa de Valores de São Paulo. A foto ficou em segundo lugar do Prêmio Estado de Jornalismo de 2021. A ideia da escultura era representar o "otimismo e a força dos investidores" para quem trabalha no mercado financeiro. No entanto, se tornou um ponto de protestos contra a fome e a situação econômica do Brasil antes de ser removida.
A mostra da Arfoc-SP dá destaque a olhares diversos. Exemplo disso é a imagem de Jonne Roriz da nadadora Ana Marcela Cunha, durante a final da prova de maratona aquática nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, mas realizados no ano passado. O profissional registrou o momento exato em que a brasileira e um peixe se encontram, ela dentro da água e ele fora, em um salto.
Outra imagem de destaque na mostra é do fotógrafo Isaac Fontana, que registrou uma menina indígena que assiste às chamas que destruíram casas no Centro Cultural Kaingang, em Londrina, no Paraná, em um incêndio que destruiu completamente seis moradias utilizadas pelos indígenas.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>