Aos 54 anos, Carolina Ferraz já soma 40 de trajetória profissional, que teve início nos anos 1980 como modelo. Versátil e dinâmica, sempre pronta a se renovar, a atriz, que é apresentadora do programa Domingo Espetacular, da RecordTV, revela como equilibra mente, corpo e espírito: "Eu descobri um novo mantra, que é respirar, esperar e reinventar". Além de suas atividades que a fizeram reconhecida nacionalmente – atuações em TV, cinema, teatro -, ela mostra agora o seu lado de empresária ao lançar a Cimples, ao lado da filha, Valentina Cohen, que inclui coleções de objetos para decoração e utensílios para casa. "É uma marca de home & lifestyle que conta com um portfólio de produtos exclusivos, com estilo moderno e acolhedor", conta Carolina ao <b>Estadão</b>. Sobre a nova empreitada e trabalhos que a marcaram, Carolina respondeu às perguntas a seguir:
<b>Sempre é tempo de se reinventar?</b>
Eu descobri um novo mantra, que é respirar, esperar e reinventar. Eu não acredito nesse movimento meio Gabriela de ser, de "eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim, Gabriela". Eu sou a Carolina que interage com o mundo e tudo aquilo que está ao meu entorno todos os dias. Diariamente é uma descoberta e oportunidade de recomeçar. Eu não tenho o menor compromisso em ter de ser a mesma coisa até porque eu cresço, aprendo, busco novas informações e também acabo me interessando por coisas novas. Então eu acho que sim, reinventar faz parte de viver. Podemos simplesmente ressignificar alguma coisa que já existe e isso, por si só, já é uma reinvenção.
<b>Ser dinâmica, com trabalhos em destaque, você se vê como uma mulher que tem algo a dizer a outras mulheres, de incentivo?</b>
Eu acredito que todas nós temos algo a dizer a outras mulheres e às vezes não precisamos nem usar palavras ou textões para isso, pois as nossas atitudes já nos fazem ter representatividade, o que pode sim servir como incentivo para algumas pessoas. Eu comecei a trabalhar muito cedo e por onde passei sempre me dediquei para entregar um trabalho com excelência, com verdade e com posicionamento. Podemos ser o que quisermos ser, mudar, nos reinventar e ser livres para fazer as nossas escolhas, independente de onde se está, da idade que se tem e dos desafios que nos são impostos.
<b>Depois de atuar nos vários palcos, agora criou a Cimples. O que é esse projeto e como surgiu a parceria com sua filha?</b>
A Cimples é uma marca de home & lifestyle que conta com um portfólio de produtos exclusivos, com estilo moderno e acolhedor. Nós trazemos a combinação perfeita entre a elegância e a simplicidade, com coleções de louças e, ainda este ano, de temperos, tábuas, homewear, entre outros. Todos os produtos que levam nossa assinatura foram criados, desenhados e desenvolvidos por mim, em parceria com os melhores fabricantes do mercado. A Valentina veio para o Brasil um pouco antes do início da pandemia para ter um período sabático e passar mais tempo com a nossa família. Ela começou a me ajudar com o meu canal no YouTube, e, desde então, não paramos de produzir juntas. Nós somos muito diferentes em vários sentidos e nos complementamos, unindo nossos pontos de vista, ideias e know-how para criar. A Cimples carrega nossa essência, e, através dela, buscamos transformar lares em ambientes ainda mais afetivos.
<b>Pensa em voltar com seu programa Na Cozinha com Carolina? Era um momento descontraído, não? </b>
O projeto Na Cozinha com Carolina é muito especial para mim, pois penso que a culinária tem muito a ver com amor e histórias. Gosto também de compartilhar com as pessoas receitas e isso deu origem às duas edições do meu livro. Esse é um projeto que continua vivo e dentro do planejamento de conteúdos para o meu canal no YouTube, onde tenho liberdade para criar diferentes tipos de entretenimento que se conectam com as coisas que eu gosto, como viagem, moda e também culinária. Então pode ser que venha criar maior periodicidade com esse conteúdo mais para frente sim.
<b>Representar uma mulher trans no filme A Glória e a Graça teve uma importância especial para você como atriz?</b>
Foi um processo de aprendizagem muito grande vivenciar a Glória naquele momento, não só na preparação para a personagem e durante as filmagens, mas também com todas as informações que recebi após o lançamento do filme. Com o debate dos últimos anos é mais consciente a todos de que é importante que papéis como os da Glória sejam representados por artistas trans ao invés de mulheres cis, ampliando assim a ocupação de espaços pela diversidade de pessoas e gêneros.
<b>Como foi voltar a ser apresentadora, no caso no Domingo Espetacular? Teve dúvidas em aceitar ou não precisou pensar muito?</b>
Eu fiquei muito feliz. Antes de ser atriz, eu sempre sonhei em ser apresentadora. E foi assim também que iniciei a minha carreira na tevê, na Manchete. Após uma carreira consolidada como atriz, receber o convite para voltar a apresentar uma revista eletrônica me deixou muito empolgada.
<b>Como é sua vida, o tempo para você e sua família é produtivo?</b>
A minha vida é muito tranquila e estou sempre em casa, com as minhas filhas. Eu gosto de estar com a minha família, de ver os meus amigos e recebê-los na minha casa, embora não tenha tido mais essa oportunidade em função da pandemia, mas eu tenho os amigos que eu amo e que me ajudam e inspiram sempre. Também através do trabalho eu ganho muitas coisas na vida. Eu ganhei experiências novas, amigos novos, lugares novos que conheci… O trabalho me traz muita coisa boa e eu realmente gosto de trabalhar, embora eu seja muito boa também para curtir o meu tempo parada, com as minhas filhas, ou simplesmente passar uma tarde largada na cama lendo um bom livro. Eu sou a favor do ócio criativo, acho que é fundamental a gente parar, respirar, esperar e recriar.
<b>Conseguiu ser produtiva na pandemia? Que fez, leu muito, algum livro em especial? Viu séries, alguma que destaque?</b>
Eu fiz muitas coisas, como a websérie Os Pandêmicos!, que conseguimos compartilhar por 70 plataformas diferentes ao redor do mundo, lancei um livro novo de culinária, retomei minha carreira como apresentadora de um programa de jornalismo na tevê aberta, da RecordTV. Além de tudo isso, tem a minha vida no dia a dia com o que eu gosto de fazer, com o meu canal no YouTube, os programas que eu desenvolvo e a faculdade de gastronomia que eu estou fazendo na Le Cordon Bleu. Então eu acho que sim, consegui ser bem produtiva apesar da pandemia.
<b>O que falta fazer, tem projetos diferentes vindo por aí?</b>
Falta fazer ainda muita coisa. Eu quero fazer muito cinema na minha vida. Quero solidificar também a Cimples. Tenho também minha outra filha para criar, a Isabel, que só tem seis anos. Tenho muitos projetos e sonhos e espero que continue a ser dessa forma sempre. Eu sou uma pessoa feliz e em conformidade com a vida que eu tenho, não estou feliz todos os dias, o que acho que faz parte da natureza humana junto com os questionamentos, mas isso nunca me paralisou, pois as dificuldades me fortaleceram e me fizeram crescer e tornar o ser humano que sou hoje.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>