Para a pneumologista Rosemeri Maurici da Silva, coordenadora da Comissão Científica de Infecções da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a população brasileira já pode se prevenir contra uma eventual infecção pelo coronavírus, adotando medidas de cautela e higiene que são comuns aos quadros gripais. Ela disse que o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa, por contato respiratório ou por mucosa, mas pode ser evitado com cuidados básicos. Confira:
<b>O que é importante que as pessoas saibam sobre o novo coronavírus?</b>
Esse coronavírus é um vírus que está se manifestando do ponto de vista respiratório, em um quadro que pode ser inicialmente indolente, mas pode se desenvolver de forma muito grave, com insuficiência respiratória e óbito. É um vírus novo do ponto de vista das manifestações clínicas. Por enquanto, está restrito principalmente à China, mas como todos os vírus, ele pode ser transmitido de pessoa para pessoa, por contato respiratório ou contato por mucosa.
<b>Qual o risco real do coronavírus para o Brasil?</b>
O risco para o Brasil é o mesmo de todos os outros países, porque a mobilidade das pessoas hoje é grande de um país para outro, por conta das viagens internacionais e intercontinentais. É possível que o vírus assuma proporções pandêmicas, mas ainda não é o caso. Até esta manhã (de quinta-feira, dia 23), a Organização Mundial de Saúde avaliava se vai emitir uma nota de risco de pandemia.
<b>O que as pessoas já podem fazer para se prevenir do coronavírus?</b>
Sim, já há que se prevenir. O risco principal é de contato, ou por meio de uma viagem à região endêmica, ou por contato com uma pessoa que esteve nessa região endêmica e que manifesta sintomas e sinais respiratórios. A precaução é aquela que deve ser feita de forma generalizada para qualquer infecção respiratória viral. A gente pode tomar como exemplo os quadros gripais. Lavar bem as mãos, não levar a mão aos olhos e à boca sem lavá-la, e tomar cuidado com as secreções respiratórias. Quando tossir, levar o antebraço à boca para reter as gotículas e depois lavar bem as mãos.
<b>De que forma as entidades médicas brasileiras podem contribuir nesse momento contra o coronavírus?</b>
O grande papel das sociedades médicas e das comissões, notadamente a comissão da SBPT que eu coordeno, é fornecer orientações tanto para a população quanto para os meios de comunicação. As informações vão se atualizando de forma muito rápida. Qualquer manifestação que a gente faça tem de ser avaliada à luz da modificação do quadro epidemiológico, que no caso de vírus pode ser muito rápida. As pessoas têm de se manter informadas e os médicos, principalmente aqueles que atendem em unidades de pronto atendimento, têm de estar preparados para o diagnóstico e para o manuseio dessa condição se ela ocorrer no nosso País.