Com o juro no Brasil subindo de forma galopante, o brasileiro mudou a direção de seus investimentos, migrando da renda variável para a renda fixa. O saldo de entrada de dinheiro em aplicações de renda fixa se aproxima de R$ 100 bilhões no acumulado deste ano, enquanto os fundos de renda variável reportaram saques de mais de R$ 23 bilhões no mesmo período. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A busca é por rentabilidade mas também por algum porto seguro, em um momento de mais turbulência nos mercados. A migração do fluxo de recursos ganhou ainda mais apelo com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic para 11,75%.
"Começamos a identificar esse movimento na metade do ano passado, quando internamente foi se concretizando um cenário de inflação e algum ruído político. Isso começou a gerar uma certa aversão ao risco", diz o diretor da Anbima, Pedro Rudge. "É uma inversão: os investidores reavaliaram suas alocações e viram maior atratividade dos instrumentos de renda fixa, não apenas pelo desejo de mais rentabilidade, mas por produtos menos voláteis."
<b>BOLSA.</b> Os dados da B3 também mostram grande saída de recursos, um movimento contrário ao verificado em 2020, quando o investidor foi atraído para o mercado de renda variável, atrás de maiores ganhos, apesar dos riscos, diante da Selic a 2% ao ano, na mínima histórica. Enquanto os estrangeiros investiram mais R$ 73 bilhões na Bolsa no acumulado deste ano (um recorde no Brasil), as pessoas físicas foram na direção contrária e sacaram mais de R$ 16 bilhões até aqui, de acordo com dados da Bolsa.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>