Estadão

Otan envia 40 mil soldados para a fronteira da Ucrânia

Em cúpula realizada nesta quinta-feira, 24, os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) anunciaram o aumento das tropas em seu flanco leste e prometeram aumentar sua assistência à Ucrânia em cibersegurança, além de proteção contra armas químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. Apesar dos apelos do presidente ucraniano por mais ajuda, a aliança reforçou que não colocará tropas no país.

"Em resposta às ações da Rússia, ativamos os planos de defesa da Otan, destacamos elementos da Força de Resposta da Otan e colocamos 40.000 soldados em nosso flanco leste, juntamente com meios aéreos e navais significativos, sob comando direto da Otan apoiado por destacamentos nacionais dos aliados", disse o chefe da Otan, Jens Stoltenberg.

Em conferência de imprensa logo após o encontro, Stoltenberg disse que a aliança já fornece apoio para a Ucrânia desde 2014, quando houve a anexação da Crimeia pela Rússia. "Treinamos as forças armadas da Ucrânia, fortalecendo suas capacidades militares e aumentando sua resiliência. Os aliados da Otan intensificaram o seu apoio e continuarão a fornecer mais apoio político e prático à Ucrânia, à medida que continua a defender-se", disse.

A Otan, que já aumentou massivamente sua presença em suas fronteiras orientais desde o início da guerra, com os cerca de 40.000 soldados espalhados do Báltico ao Mar Negro, concordou nesta quinta em estabelecer quatro novas unidades de combate na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia.

"Os Aliados da Otan também continuarão a prestar assistência em áreas como segurança cibernética e proteção contra ameaças de natureza química, biológica, radiológica e nuclear. Os Aliados também fornecem amplo apoio humanitário e estão hospedando milhões de refugiados."

Questionado sobre o tipo de suporte que a aliança dará aos ucranianos contra as ameaças químicas, Stoltenberg, disse que fornecerá equipamentos de detecção, proteção e suporte médico, além de treinamento para descontaminação e gerenciamento de crises em caso de qualquer ataque químico, biológico, radiológico ou nuclear russo.

O chefe se recusou a fornecer mais detalhes sobre o tipo ou números de equipamentos de assistência de fato enviariam para o leste, alegando "questões de segurança". "Estamos tomando todas as medidas e decisões para garantir a segurança e a defesa de todos os Aliados em todos os domínios e com uma abordagem de 360 graus."

Stoltenberg disse que a Aliança pretende se preparar para "uma realidade estratégica mais perigosa", cujos detalhes devem ser definidos em abril durante uma reunião entre os chanceleres dos países membros e parceiros.

Os aliados também fizeram um alerta à China, caso o país ajude a Rússia em meio às sanções ocidentais. "Estamos preocupados com os recentes comentários públicos de funcionários da China e pedimos que pare de amplificar as falsas narrativas do Kremlin, em particular sobre a guerra e a Otan, e promova uma resolução pacífica para o conflito."

"Apelamos a todos os Estados, incluindo a República Popular da China, a defender a ordem internacional, incluindo os princípios de soberania e integridade territorial, conforme consagrados na Carta da ONU, a abster-se de apoiar o esforço de guerra da Rússia de qualquer forma e a abster-se de qualquer ação que ajude a Rússia a contornar as sanções."

<b>Zelensky</b>

A Otan, no entanto, rejeitou repetidos apelos de Kiev para defender os céus da Ucrânia de ataques aéreos russos, e o presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, que se juntou à cúpula da Otan por meio de uma videochamada, reclamou que o Ocidente não forneceu tanques ou sistemas antimísseis modernos.

"Vocês podem nos dar 1% de todos os seus aviões. 1% de todos os seus tanques. 1%!", pediu Zelensky. "A Ucrânia pediu seus aviões. Para não perdermos tantas pessoas. E vocês têm milhares de caças! Mas ainda não recebemos nenhum. Para salvar as pessoas e nossas cidades, a Ucrânia precisa de assistência militar, sem restrições."

Um alto funcionário do governo americano disse ao jornal <i>The New York</i> Times que, após os comentários de Zelensky, os membros da Otan iniciaram uma conversa sobre a possibilidade de fornecer sistemas de mísseis antinavio para a Ucrânia. Mas isso pode levar tempo, e Zelensky encerrou suas observações com um apelo por ação imediata.

A Otan também não enviará tropas ou aviões para a Ucrânia, reiterou Stoltenberg, cujo mandato como diretor-geral foi estendido por um ano até o final de setembro de 2023.

"A Otan ainda não mostrou o que a aliança pode fazer para salvar as pessoas", disse Zelensky, acrescentando acreditar que o presidente russo, Vladimir Putin, também queria atacar os membros do leste da Otan – Polônia e os países bálticos. (Com agências internacionais).

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