O dólar teve novo dia de queda ante o real, acompanhando uma melhora no ambiente de negócios doméstico, após um começo de semana tumultuado com os ruídos envolvendo a Petrobras. A sinalização de avanço na privatização da Eletrobrás foi bem recebida pelas mesas de operação. No exterior, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em novo discurso no Congresso americano, tentou acalmar os investidores sobre as preocupações com a disparada da inflação, após a taxa de 10 anos dos Treasuries americanos superar 1,40% mais cedo, o maior nível desde o começo da pandemia. Apesar do dia mais calmo hoje, o foco na política e na questão fiscal em Brasília prossegue nas mesas de operação, especialmente com notícia do <b>Broadcast</b> de chance de desidratação da PEC Emergencial.
O dólar à vista encerrou a quarta-feira com queda de 0,40%, a R$ 5,4207. No mercado futuro, o dólar para março fechou em baixa de 0,74%, a R$ 5,4030.
"A dinâmica da inflação não tende a mudar", afirmou Powell em seu segundo discurso. O dirigente reforçou que se houver aceleração da inflação, o Fed tem instrumentos para lidar com isso. "Powell deixou claro que não haverá alta de juros ou redução do programa de ativos no futuro previsível", comenta a diretora de moedas em Nova York da gestora BK Asset Management, Kathy Lien.
No Brasil, segue no radar a questão da ingerência do governo nas estatais e as discussões do auxílio emergencial, agora com o adiamento para a semana que vem da votação da PEC Emergencial no Senado, que poderá ser desidratada, com votação apenas do auxílio, conforme revelou o <b>Broadcast</b> nesta tarde.
A analista de moedas e mercados emergentes do Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que após o episódio da Petrobras, os participantes do mercado vão manter o olho aberto no noticiário político. Ao mesmo tempo, a dívida do governo em trajetória de alta pede reformas urgentes, mas o ceticismo aumentou nos últimos dias. Dados do Tesouro divulgados hoje mostram que a dívida pública federal fechou janeiro em R$ 5,009 trilhões.
A analista do Commerzbank comenta que a pressão para o Banco Central elevar os juros em março vem crescendo. Mas a analista está cética que o movimento vá ajudar o real a ganhar muita força, em meio aos ruídos políticos e medidas populistas de Jair Bolsonaro. Por isso, a previsão do banco alemão é que a moeda americana fique ao redor de R$ 5,40 pela frente.
O câmbio segue pressionado mesmo com a forte entrada de fluxo financeiro. Este mês, entraram US$ 4,412 bilhões por este canal até o dia 19, de acordo com dados divulgados hoje pelo BC. Mesmo com o fluxo, o dólar sobe 4,5% no ano ante o real, a pior moeda dos emergentes no período.