Estadão

Para FMI, pandemia e guerra provocam maciços retrocessos à economia global

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou nesta quarta-feira que a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia provocam "maciços" retrocessos à economia global. "É como ser atingido por outra tempestade antes de termos nos recuperado da última", comparou, em discurso na abertura de coletiva de imprensa.

Em relatório sobre perspectivas divulgado na terça-feira, o FMI cortou a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global este ano, de 4,4% a 3,6%. "(A revisão) foi causada em grande parte pela invasão da Ucrânia pela Rússia e pelas ondas de choque que enviou ao redor do mundo", disse Kristalina Georgieva.

A diretora-gerente ressaltou ainda que o conflito provocou uma disparada nos preços de energia e alimentos, com efeitos sobre a inflação.

"Aperto financeiro, dívida alta e <i>lockdowns</i> frequentes e abrangentes na China – causando mais gargalos nas cadeias de suprimentos globais – são adicionais nuvens escuras pesando sobre a economia global", pontuou a dirigente, acrescentando que o fim da guerra teria o melhor impacto possível neste momento.

<b> Ação decisiva de BCs pelo mundo</b>

A diretora-gerente do FMI argumentou ainda que a escalada da inflação no mundo demanda "ação decisiva" de bancos centrais e disse que as autoridades monetárias precisam ser claras na comunicação sobre os efeitos do aperto para países emergentes e pobres.

Kristalina Georgieva ressaltou que o processo tende a aumentar os custos da dívida. "Para países de baixa renda, essa carga chegou a 50 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) – colocando 60% desses países em ou perto de estresse de dívida", pontuou.

Para lidar com isso, os governos devem adotar políticas que ajudem a estabilizar a dívida ao mesmo tempo em que fornecem "assistência direcionada" aos grupos mais vulneráveis, acrescentou a diretora. "Eles podem ajudar a financiar isso com políticas tributárias mais justas", pontuou.

Ela recomendou que o G20 trabalhe para melhorar o programa de alívio de dívida voltado a nações mais pobres, expandindo o acesso a mais países.

<b>China</b>

A diretora-gerente FMI também afirmou que a China deve ser capaz de conter a desaceleração da economia por ter "amplo" espaço fiscal e monetário. No relatório sobre perspectivas divulgado na terça, o FMI cortou a previsão para crescimento do PIB chinês este ano a 4,4%, abaixo da meta de 5,5% do governo.

Segundo Kristalina Georgieva, a revisão negativa reflete principalmente as medidas de restrições para frear o avanço do coronavírus.

Para ela, no campo da política fiscal, Pequim deve ampliar o apoio ao consumo das famílias, ao invés de focar no suporte a empresas.

<b>Novo pacote à Ucrânia</b>

Kristalina Georgieva informou ainda que a instituição discute com representantes do governo da Ucrânia um possível novo pacote de ajuda financeira, em meio à ofensiva militar russa no país. Segundo ela, autoridades ucranianas estimaram necessidade de cerca de US$ 5 bilhões mensais em apoio externo para manter a economia em funcionamento nos próximos três meses.

"Há incertezas quanto a esse número, mas não achamos que é muito distante das necessidades do país", disse a dirigente, reforçando que o FMI seguirá ajudando Kiev.

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