Estadão

Juros terminam estáveis, após oscilarem em baixa com dólar e Treasuries

Os juros futuros fecharam a quarta-feira estáveis, depois de passarem o dia oscilando em queda moderada, puxada pelo alívio na curva dos Treasuries e no enfraquecimento generalizado do dólar. No fechamento da sessão regular, porém, o movimento, que já não era firme, arrefeceu, com o mercado evitando exposição ao risco antes do feriado de Tiradentes.

Em dia de agenda e noticiário doméstico esvaziados, a liquidez manteve-se fraca, com os agentes esperando novos gatilhos para ajustar posições nos vértices curtos e intermediários, que deem alguma pista sobre as intenções do Banco Central na política monetária.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 terminou em, 13,06%, de 13,048% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,677% para 12,665%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa na máxima, a 12,10%, de 12,061% na terça. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,795%, de 11,80%.

O economista-chefe do Grupo SulAmerica, Newton Camargo Rosa, diz que a acomodação em baixa dos DIs esteve muito relacionada ao dólar, que fechou nesta quarta a R$ 4,6204, com mínimas na casa dos R$ 4,60, "apesar do IGP-M salgado". A inflação medida pelo índice na segunda prévia de abril (1,85%) dobrou em relação à mesma prévia de março (0,90%).

Os investidores também fizeram uma pausa nas vendas de Treasuries, o que se refletiu aqui. O retorno dos principais títulos do Tesouro americano tiveram queda forte nesta quarta, com a taxa da T-Note dez anos rondando 2,85% no fim da tarde.

"O yield do UST de 10 anos volta a oscilar pouco abaixo de 2,90%, após a forte alta de ontem ter recolocado a taxa real em terreno positivo pela primeira vez desde março de 2020", comentou Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

O baixo volume negociado tem sido uma tônica na semana, o que reforça o caráter frágil do movimento de recuo visto nesta quarta. Até porque o cenário inflacionário segue desautorizando otimismo.

Nesta quarta, a Necton elevou a sua projeção de IPCA de 2022, de 7,60% para 8,06%, depois da revisão expressiva da previsão para abril, de 0,77% para 1,20%. "Isto fará com que o IPCA acumulado em 12 meses suba de 11,30% em março para 12,29% em abril, contrariando visões mais otimistas de queda do IPCA em 12 meses já agora", escreve o economista-chefe André Perfeito, que manteve a estimativa de taxa Selic terminal de 13,25%.

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