O presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor (MDB), criticou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), por tentar impedir, segundo ele, as eleições indiretas para governador do Estado. O pleito, marcado para esta segunda-feira, 2, foi suspenso pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que atendeu pedido feito pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). A decisão foi mantida pelo ministro Gilmar Mendes, relator do caso. Sigla de Lira, o PP também ingressou com ação na Corte para questionar as regras da eleição.
"Condeno veementemente a ação do partido do presidente da Câmara. Para mim, é incoerente um parlamentar buscar que o Parlamento não se manifeste pelo seu voto. Isso é absurdo", disse Victor ao <i>Broadcast Político</i> nesta segunda-feira, 2.
Alagoas está sem governador e vice eleitos após a renúncia do ex-governador Renan Filho (MDB), que deixou o cargo para concorrer ao Senado nas eleições de outubro. Antes disso, o ex-vice-governador Luciano Barbosa (MDB) já havia deixado o mandato quando foi eleito prefeito de Arapiraca, em 2020. A dupla vacância fez a Assembleia Legislativa convocar a votação para governador tampão e vice.
Como mostrou o <i>Broadcast Político</i>, encerram-se nesta segunda os 30 dias do mandato do presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Klever Loureiro, como governador interino. A Procuradoria-Geral do Estado e Assembleia Legislativa argumentam que não há previsão na Constituição estadual que permita estender o prazo, caso a eleição não aconteça hoje. Com isso, Alagoas pode ficar sem chefe do Executivo.
O <i>Broadcast Político<i> mostrou também que a guerra judicial é mais um episódio que antecipa a disputa pela sucessão estadual entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB).
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Lira é o principal fiador da pré-candidatura do senador Rodrigo Cunha (União Brasil) ao governo alagoano. Já o escolhido do grupo de Renan é o deputado estadual Paulo Dantas (MDB) – ambos devem reforçar o palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. O clã dos Calheiros tenta emplacar a vitória de Dantas na eleição indireta para que ele dispute o pleito em outubro com o controle da máquina estadual.
Renan atacou Lira em publicação no Twitter feita hoje sobre o assunto. "A petição de Lira é litigância de má-fé, amadora e expõe irresponsavelmente o STF. A jurisprudência é farta. Trata-se de realização de eleição, mandamento da Constituição estadual, reproduzindo a Constituição Federal. Por que litiga Lira? Para cancelar a eleição", escreveu.
Candidato apoiado pelo grupo de Lira e Rodrigo Cunha na eleição indireta, o deputado estadual Davi Maia (União Brasil) questiona um dos pontos do edital, que permite votação separada para governador e vice. "A gente já teve isso no Brasil com Jânio Quadros e João Goulart e vimos no que deu. Não temos dúvidas de que teremos eleição, mas queremos que não desrespeite as leis", afirmou. Outras regras questionadas pela oposição são a que permite o voto aberto e a que estabelece votação por maioria simples. Maia afirma que o edital busca beneficiar o grupo de Calheiros.
Victor rebate e diz que a oposição tenta tumultuar o processo. "A oposição usou litigância de má-fé para criar um imbróglio na eleição. O intuito final é buscar o imbróglio, não é resolver nada. Ginástica para poder ganhar tempo", critica. "A cruzada judicial patrocinada por esse partido (PSB) que não tem candidato registrado e nem assento na Casa é uma clara demonstração de que não se quer eleição. O PP não tem candidato registrado. É extremamente heterodoxo o que estamos vivendo."