Boletim do InfoGripe divulgado nesta quinta-feira, 5, pela Fiocruz indica possível início de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na população adulta em diversos Estados no fim de abril. Segundo o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, a principal suspeita é a de que esse possível aumento esteja associado à covid-19. A doença tem apresentado pequeno crescimento de casos leves, mas o crescimento pode também estar associado ao eventual retorno do vírus Influenza A (gripe).
"Os dados laboratoriais associados aos casos de SRAG ainda não nos permitem precisar (se o aumento decorre de covid-19 ou Influenza A)", disse Gomes. "As próximas atualizações poderão trazer maior clareza. De qualquer forma, é importante que a rede laboratorial esteja atenta à possibilidade de circulação simultânea desses dois vírus respiratórios, testando para ambos sempre que possível, para que possamos ter dados adequados para a caracterização de quais desses vírus estão causando essas internações."
O crescimento foi identificado na Semana Epidemiológica (SE) 17, de 24 a 30 de abril. Refere-se aos dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 2 de maio. O crescimento se diferencia do observado ao longo de fevereiro e março. Nesse período, o sinal de crescimento esteve fundamentalmente restrito à população infantil (0 a 4 e 5 a 11 anos). De 24 a 30 de abril, as estimativas apontam para 4,7 mil casos. Desses, cerca de 2,3 mil são em crianças de 0 a 4 anos.
Embora não se destaque no cenário nacional, o vírus Influenza A vem sendo observado em diversas faixas etárias no Rio Grande do Sul, especialmente nas últimas cinco semanas. Nas crianças de 0 a 4 anos, o estudo mostra que o aumento de SRAG foi marcado pelo crescimento nos casos positivos para vírus sincicial respiratório (VSR) e leve aumento nos casos de rinovírus. Já no grupo de 5 a 11 anos, observa-se sinal de interrupção de queda nos resultados positivos para covid-19 na segunda quinzena de fevereiro. Houve também aumento na detecção de outros vírus respiratórios no mês de março, com predomínio de positivos para rinovírus.
O Boletim aponta que 14 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 17. São elas: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina. As demais apontam sinal de queda ou estabilidade na tendência de longo prazo. Goiás apresenta sinal de crescimento na tendência de curto prazo (últimas três semanas).
Onze das 27 capitais apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo até a semana 17: Belém, Boa Vista, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Maceió, Manaus, Porto Alegre, Rio Branco, São Luís e Vitória. Goiânia, Macapá e Palmas apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo.
O Infogripe faz a análise permanente de registros de doenças respiratórias no Brasil.