Ao ser questionado sobre possível troca no comando da Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro disse que o novo ministro de Minas e Energia tem "carta branca" para decidir os rumos da estatal.
"Pergunta para o Adolfo Sachsida", respondeu o chefe do Executivo, que já demitiu dois presidentes da petroleira em seu governo. O aumento do preço dos combustíveis tem preocupado o comitê da campanha de Bolsonaro à reeleição.
Como mostrou o <b>Estadão/Broadcast</b>, o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, está sob pressão e passa por uma fritura no governo, apenas um mês depois de assumir o cargo. Na última quarta-feira, 11, Bolsonaro resolveu demitir o almirante Bento Albuquerque do comando do Ministério de Minas e Energia, após ter reclamado, durante sua tradicional live de quinta-feira nas redes sociais, do preço do diesel e dito que o lucro da Petrobras é um "estupro".
No lugar de Albuquerque, assumiu Sachsida, que fazia parte da equipe econômica e é apoiador ferrenho do presidente. "Pergunta para o Adolfo Sachsida. Ele é o ministro das Minas e Energia e trata disso. Deixo bem claro: todos os meus ministros, sem exceção, eu dou carta branca para fazer valer aquilo que ele acha melhor para o seu ministério para melhor atender a população", disse Bolsonaro, após andar de moto e ir a feiras em Brasília. "Ele está há 30 dias lá", emendou, numa referência ao presidente da Petrobras.
Bolsonaro voltou a dizer que "ninguém vai tabelar preço de combustível", mas afirmou que a "finalidade social" da Petrobras não está sendo cumprida. O presidente declarou ainda que a política de preços com paridade internacional, ou seja, vinculada à variação do dólar e do barril de petróleo no exterior, "só existe no Brasil".
Enquanto caminhava e tirava fotos com eleitores hoje na Feira do Guará, o chefe do Executivo ouviu gritos de "já ganhou", numa referência à eleição de outubro, e também um pedido: "Abaixa o preço da gasolina, Bolsonaro". O aumento da inflação e, principalmente, do preço dos combustíveis, como diesel e gasolina, têm preocupado o comitê de campanha do presidente.
Bolsonaro coleciona uma série de críticas à Petrobras e interferências no comando da estatal. O atual presidente da empresa assumiu o cargo em abril, após a demissão do general Joaquim Silva e Luna, que ficou menos de um ano no cargo. Ele havia assumido a presidência da petroleira após a saída do economista Roberto Castello Branco.
Em 5 de maio, pouco antes da divulgação do balanço da Petrobras, Bolsonaro fez apelos para que a Petrobras não voltasse a aumentar o preço dos combustíveis no Brasil. Aos gritos, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente afirmou que os lucros registrados recentemente pela companhia são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira.