Estadão

Dólar recua seguindo exterior em manhã de alta de commodities e apetite por risco

O dólar opera em queda, alinhado à tendência da moeda norte-americana no exterior em manhã de apetite por ativos de risco. O euro ampliou ganhos ante o dólar mais cedo, após o índice Ifo de sentimento das empresas da Alemanha apresentar uma inesperada alta em maio, a 93 pontos.

Avanço de commodities nesta manhã, como petróleo e minério de ferro, beneficiam as divisas de países exportadores de matérias-primas, como o Brasil.

Na sexta-feira, dólar fechou em baixa de 0,87%, a R$ 4,8740 – menor valor desde 22 de abril – e acumulou na semana passada desvalorização de 3,63%.

As bolsas europeias e os índices futuros em Nova York sobem nesta manhã, após as bolsas de Nova York acumularem perdas de 3% a quase 4%, e o S&P 500 chegar a ficar brevemente em "<i>bear market</i>" – 20% abaixo do pico mais recente – com temores de que o aperto monetário em curso pelo Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) prejudique a economia americana.

Apesar do menor interesse por ativos mais seguros, como dólar, persiste um pano de fundo de cautela com o impacto da inflação elevada, aumentos de juros, a desaceleração da China em meio ao combate contra a covid-19 e a guerra na Ucrânia na economia global. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) avalia que a economia mundial pode até enfrentar uma recessão este ano.

E em um dos primeiros e disputados painéis do dia no Fórum de Davos, o ministro para Assuntos Econômicos e Proteção Climática da Alemanha, Robert Habeck, alertou para o risco de recessão mundial, em uma conjuntura marcada por várias crises: inflação alta na Europa, Estados Unidos e nos outros países; potencial crise energética em países europeus; escassez de alguns alimentos e problemas climáticos.

"Se nenhum dos problemas for resolvido, temo que estejamos realmente entrando em uma recessão global", disse o ministro alemão, defendendo que não adianta resolver apenas a inflação ou o problema de energia, mas todos eles.

No mercado local, a expectativa é de que os juros futuros podem ter oscilações mais moderadas à espera do IPCA-15 de maio, amanhã, e da votação do projeto do ICMS sobre os combustíveis, que também pode ocorrer nesta terça-feira.

As atenções também estarão voltadas para a reunião trimestral de economistas com o Banco Central que acontece nesta segunda-feira. No exterior, os destaques nos próximos dias são a publicação da ata referente à última reunião de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira, e discurso do presidente da autoridade, Jerome Powell, que participa de evento amanhã.

Para o IPCA-15, a estimativa é de uma desaceleração a 0,45% em maio, de 1,73% em abril, graças ao alívio da energia elétrica, com a mudança da bandeira tarifária de "escassez hídrica" para "verde" desde 16 de abril. Apesar do arrefecimento, a inflação acumulada em 12 meses deve acelerar a 12,04% (mediana) em maio, de 12,03% em abril. As estimativas vão de 10,70% a 12,26%.

A projeção da Fundação Getulio Vargas (FGV) para o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) de maio subiu de 0,30% para 0,50% após o avanço de 0,41% para 0,44% na terceira quadrissemana, informou o coordenador do indicador, Paulo Picchetti. A principal pressão altista vem da gasolina, que acelerou de 0,68% para 0,97% nesta leitura e já registra taxa de 1,20% na ponta.

Às 9h45, o dólar à vista caía 1,07%%, a R$ 4,8225. O dólar para junho recuava 1,25%, a R$ 4,8330.

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