Estadão

Derrotas na Ucrânia fazem Rússia recorrer a ataques mais violentos

A Rússia entrou nesta terça, 24, no terceiro mês da guerra acumulando derrotas e recuos em sua estratégia. Sem conseguir conquistar Kiev ou derrubar o governo ucraniano, Moscou agora intensificou os ataques no leste, pelo controle da cidade de Severodonetsk. Sua ofensiva na região, porém, também enfrenta obstáculos, conforme o tempo passa e o Ocidente envia armas à Ucrânia.

Ontem, os russos realizaram um ataque para cercar as tropas ucranianas em Severodonetsk e Lisichansk, em uma batalha que pode determinar o sucesso ou fracasso da principal campanha de Moscou no leste. Segundo Sergi Gaidai, governador da região de Luhansk – que abriga as duas cidades -, a estratégia é de "terra arrasada" e isolamento completo.

"O inimigo concentrou seus esforços em uma ofensiva para cercar Lisichansk e Severodonetsk. A intensidade do fogo aumentou. Eles estão simplesmente destruindo a cidade", disse Gaidai, acrescentando que havia cerca de 15 mil pessoas presas no fogo cruzado.

Como a cidade mais oriental ainda sob controle ucraniano, Severodonetsk está exposta à artilharia russa por vários lados. Os bombardeios destruíram vastas áreas da cidade e os civis ficaram sem eletricidade e água corrente.

<b>Destruição</b>

No sábado, tropas russas destruíram uma ponte na cidade, dificultando a retirada de pessoas e a chegada de suprimentos, disse Gaidai. "Se eles destruírem mais uma ponte, a cidade ficará totalmente isolada." Durante a noite, os russos atacaram áreas civis de Severodonetsk, matando quatro pessoas.

A Rússia está tentando ganhar o controle de Donbas, que inclui as regiões de Donetsk e Luhansk. Às margens do Rio Severski Donets, a cidade é um dos últimos grandes redutos urbanos sob domínio ucraniano em Luhansk, ao lado da vizinha Lisichansk.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, reconheceu ontem a intensidade da batalha. "A situação mais difícil é em Donbas", disse. "Eles organizaram um massacre lá e estão tentando destruir tudo que vive. Ninguém destruiu Donbas tanto quanto o Exército russo faz agora."

A Rússia tem uma janela limitada para avançar. Depois disso, pode ser forçada a posições mais defensivas, e a guerra pode chegar a um impasse. Com tropas e equipamentos diminuindo, a batalha por Donbas, provavelmente, será a última grande ofensiva da guerra.

"Desmoralizados pelas perdas, os russos precisam de uma vitória", disse Matthew Schmidt, professor da Universidade de New Haven, em Connecticut. "Eles estão jogando tudo o que têm nisso".

A própria Rússia admitiu que a batalha no leste será longa. O ministro da Defesa e o secretário do Conselho de Segurança deram a entender que Moscou terá de lutar por muito tempo para alcançar os objetivos de sua intervenção. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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