A deputada Mônica Seixas (PSOL) protocolou uma representação criminal contra o deputado Wellington Moura (Republicanos) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), pedindo a investigação do parlamentar por injúria racial em razão do episódio em que ele disse, durante sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo, que iria colocar cabresto na boca da colega. A deputada diz que Moura faltou com a ética e decoro parlamentar, agindo com racismo e machismo contra ela.
"Houve ofensa à dignidade e decoro da Deputada Monica Seixas em sua forma mais vil e cruel que é utilizando uma ferramenta que pessoas negras escravizadas eram submetidas para que se calassem e servissem ao escravocrata. O Deputado Wellington Moura animaliza a Deputada Monica Seixas, assim como os escravocratas num período já condenado da história do Brasil", diz a representação entregue à Polícia nesta terça-feira, 24.
Como mostrou o <b>Estadão</b>, Mônica Seixas já acionou o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo contra Moura, pedindo a perda de mandato do parlamentar por suposta violência política de gênero e injúria racial.
O episódio que levou à apresentação da representação criminal se deu no último dia 18, durante a votação de perda do mandato do deputado Frederico D Ávila – que xingou o papa Francisco e o arcebispo de Aparecida de vagabundos , safados , pedófilos e canalhas .
A declaração de Moura se deu após Mônica Seixas discursar sobre saúde pública, depois de a votação sobre o caso de D Ávila ser adiada. O presidente da Alesp, Carlão Pignatari, interrompeu a deputada, afirmando que Mônica estava falando de um assunto diverso ao tema da sessão. Foi então que o deputado do Republicanos que falou sobre o cabresto.
A deputada chegou a reagir, falando que o colega não iria calar sua boca . Em seguida, ouviu de Moura: "Vou sim".
Mônica também acionou o Conselho de Ética da Alesp – e fez boletim de ocorrência por injúria e calúnia – contra o deputado Gilmaci Santos, por tê-la chamado de louca.
Outro deputado também acionado é Douglas Garcia, que foi alvo de pedido de perda de mandato apresentado à Alesp pela deputada Erica Malunguinho, após alegar que a parlamentar, uma mulher trans, seria agressiva quando defende que um homem que se sente mulher .
<b>COM A PALAVRA, O DEPUTADO WELLINGTON MOURA</b>
A reportagem entrou em contato, por e-mail, com o gabinete do deputado e, até a publicação deste texto, não havia recebido uma resposta. O espaço está aberto para manifestações.
<b>COM A PALAVRA, O DEPUTADO GILMACI SANTOS</b>
A reportagem entrou em contato, por e-mail, com o gabinete do deputado e, até a publicação deste texto, não havia recebido uma resposta. O espaço está aberto para manifestações.
<b>COM A PALAVRA, O DEPUTADO DOUGLAS GARCIA</b>
Não houve transfobia nas falas do Deputado Douglas Garcia, que foi agredido com um tapa pela Deputada Erica Malunguinho, que está sendo representada no Conselho de Ética por esse motivo.
A fala do Deputado Douglas Garcia é a defesa do direito das mulheres e a exposição da contradição de quem diz defender as mulheres e, ao mesmo tempo, acha justo transexuais lutarem boxe ou MMA contra mulheres. Além disso, o Deputado Douglas Garcia já foi absolvido criminal e civilmente por se manifestar contrariamente ao uso de banheiros femininos por transexuais.