O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou neste sábado que o déficit primário brasileiro vai superar os 4% do PIB neste ano com as medidas anunciadas pelo governo federal para abrandar os efeitos na economia da pandemia.
"O que estamos fazendo agora é política de saúde e renda em meio a uma calamidade pública. Não é política keynesiana, afinal os estabelecimentos estão fechados", afirmou Mansueto durante bate-papo no canal do YouTube do BTG Pactual Digital.
O secretário afirmou que é errado comparar o volume de medidas apresentadas pelo governo Bolsonaro com o pacote trilionário – de US$ 2 trilhões – assinado pelo governo americano nesta semana. Ele afirmou que, diferentemente dos Estados Unidos, o Brasil tem uma rede de assistência social bastante robusta e comparável a países europeus com alto grau de bem-estar social. Ele também argumentou que a renda extra para trabalhadores informais – de R$ 600 por pessoa, como aprovou o Congresso – é condizente com a renda do brasileiro, assim como o bônus para o trabalhador americano – US$ 1.000 – é condizente com a renda média nos Estados Unidos.
Mansueto ainda defendeu que as medidas anti-crise precisam, necessariamente, ficar restritas ao ano de 2020. Ele defendeu que as ações temporárias não devem se transformar em despesas permanentes. As mudanças no Benefício por Prestação Continuada (BPC) recentes, por exemplo, se não forem revertidas, a folga do orçamento para investimentos da união em 2021 cairão para menos da metade do disponível neste ano e ficarão em R$ 20 bilhões. "Brasil precisa voltar para o trilho do ajuste fiscal no ano que vem", afirmou o secretário em entrevista hoje com presidente da BTG Pactual Asset Management e ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e com o sócio do BTG Pactual e ex-diretor do Banco Central, Eduardo Loyo.