Estadão

BCE mantém juros, mas anuncia que pretende elevá-los em julho e setembro

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta quinta-feira manter sua taxa de refinanciamento em 0%, a de depósitos em -0,50% e a de empréstimo em 0,25%. Apesar da manutenção, o BCE deixou claro em seu comunicado o compromisso de elevar as taxas em julho e também em setembro, sinalizando que depois disso um ritmo "gradual mas sustentado de altas de juros será apropriado".

O comunicado do BCE já começa afirmando que "a inflação elevada é um grande desafio para todos nós" e reafirma a intenção de levá-la de volta à meta de 2%. Em maio, a inflação "subiu de modo significativo", aponta o texto, citando sobretudo os preços de energia e alimentos como responsáveis, diante dos impactos da guerra da Rússia na Ucrânia. "Mas as pressões inflacionárias têm se disseminado e intensificado, com preços de muitos bens e serviços aumentando fortemente", diz o BCE, que elevou projeções para a inflação neste ano, em 2023 e 2024 e cortou as do PIB da zona do euro neste ano e no próximo.

Nesse quadro, o BCE diz que decidiu adotar mais medidas para normalizar a política monetária. O conselho decidiu encerrar as compras líquidas no âmbito de seu programa de compra de ativos (APP, na sigla em inglês) em 1º de julho. Ele diz, porém, que continuará a reinvestir integralmente os pagamentos do principal dos títulos que vencem comprados no âmbito do programa "por um período prolongado após o momento em que o BCE começar a elevar os juros e, de qualquer modo, pelo tempo necessário para manter amplas condições de liquidez e uma política monetária apropriada".

O comunicado afirma também que, no programa de compras emergenciais da pandemia (PEPP, na sigla em inglês), o conselho pretende reinvestir os pagamentos do principal dos títulos que vencem comprados no âmbito do programa até ao menos o fim de 2024. Além disso, diz que pode retomar compras líquidas no PEEP, caso o quadro piore.

O BCE diz ainda que o nível do aumento de juros esperado para os próximos meses dependerá da perspectiva de inflação no médio prazo. Caso esta se deteriore, pode haver elevação maior nos juros, adianta o banco central, que reafirma a maleabilidade para ajustar seus instrumentos, diante de eventuais mudanças no cenário.

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