Ao contrário do que tem sido dito pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu neste sábado, 28, a diminuição de circulação de pessoas. Segundo ele, é necessário ter racionalidade e não agir por impulso. O ministro concede entrevista coletiva nesta tarde para apresentar o balanço dos últimos 30 dias da situação. Na manhã deste sábado, o ministro esteve em reunião com o chefe do Executivo.
Segundo Mandetta, a determinação de paralisação no País tem reduzido os casos de acidentes e traumas, por consequência, mais leitos ficam disponíveis para outras situações. Ele afirmou que há registros de até 50% do nível de taxa de ocupação.
O ministro também afirmou que é importante diminuir a sobrecarga do sistema de saúde para que haja tempo do governo comprar equipamentos de proteção para profissionais de saúde. Segundo ele, apesar de o Brasil estar negociando a compra dos produtos com a China, há uma dificuldade de transporte destes equipamentos para o Brasil. Em alguns casos, segundo ele, será necessário contratar aviões.
"Mais uma razão para ficar em casa, parados, até que a gente consiga colocar os produtos nas mãos dos profissionais de saúde que precisam. Se a gente sair andando todo mundo de uma vez, vai faltar para o risco, para o pobre, para todo mundo. Tem que ter racionalidade e não nos mover por impulso. Vamos nos mover como eu digo desde o princípio, pela ciência, pela parte técnica e com planejamento", afirmou.
Segundo ele, quando o governo fala em colapso não se refere apenas ao sistema de saúde, mas também na questão da logística. O ministro afirmou que a paralisação de voos em alguns Estados atrapalha a entrega de equipamentos e medicamentos.
O Ministério da Saúde pediu para que todas as capitais do Brasil tenham, pelo menos, um voo, em horário estabelecido diariamente para entrega de material. Segundo ele, o Ministério da Infraestrutura está trabalhando para criar uma estratégia para recompor uma logística nacional de transporte.
"Ainda não dá para falar libera todo mundo para sair, porque não estamos tendo nem condições de chegar com o equipamento just in time como a gente precisa", afirmou.
Segundo ele, o momento é de ter racionalidade e não de nos movermos por impulso. "Essa epidemia é totalmente diferente da (epidemia) H1NI. Existe uma diferença enorme", afirmou. Mandetta disse que quem fizer comparações com gripes como H1NI, vai errar feito. "Esse vírus ataca o sistema de saúde e sociedade, ataca logística, educação, economia", afirmou defendendo que as ações sejam guiadas pela ciência e pela parte técnica. "Aqueles que dizem que essa gripe só mata 5 mil, 7 mil… Não é assim a conta", enfatizou.
Em uma defesa da atuação conjunta com secretários estaduais de saúde, Mandetta disse que é preciso atuar junto. "Vamos acertar, errar, ter dias bons e ruins. Estamos ainda conhecendo qual vai ser o dano desse vírus", disse. O ministro afirmou que o trabalho a ser feito será para poupar a vida de todo mundo e reconheceu que o vírus ainda requer muito estudo.
"Esta semana vamos construir um consenso com os secretários de saúde. Onde a gente ver que pode estar perdendo a guerra (para a doença), vamos apertar (as restrições). Onde tiver melhor, podemos afrouxar. Mas vamos devagar e juntos", disse.
Mandetta ainda destacou que, apesar da maioria dos óbitos ocorrer na população acima de 60 anos, não são todos. Alguns jovens ainda desenvolvem quadro respiratório mais grave. Segundo o ministro, essa é uma gripe mais arrastada, talvez com menos sinais de gripe, mas que cansa o indivíduo.