Quase seis anos após o trágico acidente aéreo da Chapecoense, muitas famílias ainda lutam para receber indenizações. O caso ganhou um novo capítulo em que o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Justiça bloqueio de R$ 113,6 milhões de três empresas: a companhia aérea LaMia, a Bisa Seguros e a resseguradora Tokio Marine. Na última segunda-feira, a 2ª Vara Federal de Chapecó intimou as três empresas a apresentarem provas de sua inocência e o prazo é de 15 dias.
Nesta semana, a Justiça rejeitou argumentos das três empresas, que, por terem sedes em outros países, não consideram válidas as acusações feitas no Brasil. O MPF, por outro lado, considera os argumentos das famílias óbvios e não vê motivos para o não pagamento das indenizações. Se o primeiro pedido de bloqueio for negado, há um segundo pedido com valor menor: R$ 63,7 milhões.
A Tokio Marine organizou o "Fundo de Assistência Humanitária" para indenizar as famílias vítimas. O objetivo era pagar para cada uma delas 225 mil dólares (R$ 1,18 milhão), valor considerado baixo pelo MPF. Algumas famílias aceitaram, mas tiveram que abrir mão de todos os processos como condição para o acordo. Caso o bloqueio seja autorizado, essas famílias também serão beneficiadas.
CPI DA CHAPECOENSE
O Senado Federal também segue com as investigações para apurar as causas da tragédia, os responsáveis e o atraso das indenizações. Uma reunião estava marcada para a última quarta-feira, mas foi adiada por conta da ausência da resseguradora Tokio Marine e da corretora de seguros AON, da Inglaterra.
A CPI estava prevista para se encerrar em maio, mas foi adiada para 11 de julho, justamente para ouvir as seguradoras. No fim de maio, o Senado divulgou relatório e apontou LaMia, Bisa Seguros, Tokio Marine e Aon UK e Grupo Estratégica (antiga Aon Bolívia) como as cinco responsáveis pelas indenizações.
O ACIDENTE
Em 29 de novembro de 2016, o voo da empresa LaMia, que levava o time de futebol da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, onde seria realizada a final da Copa Sul-Americana, caiu próximo à cidade após partir de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Segundo relatório do Grupo Colombiano de Investigação de Acidentes Aéreos, a principal causa foi a falta de combustível. O desastre teve 71 vítimas fatais, sendo 64 brasileiros, incluindo jogadores, integrantes da comissão técnica, dirigentes, jornalistas esportivos e alguns convidados.