Estadão

Ibovespa sobe 0,42% no dia a 98,9 mil pontos e avança 0,29% na semana

O Ibovespa acompanhou a melhora ao longo da tarde em Nova York e oscilou para o positivo nesta primeira sessão de julho, vindo de perdas nas três sessões anteriores. Encerrado o pior junho desde 2002 (agora -11,50%), que foi também a maior perda mensal desde março de 2020 (-29,90%), a entrada com pé direito no segundo semestre foi uma cortesia do desempenho de Petrobras (ON +1,87%, PN +2,15%), em dia negativo para Vale (ON -1,91%), mais uma vez contida por ajuste no preço do minério de ferro. Por outro lado, com condições de oferta mais restritivas, os petróleos Brent e WTI subiram mais de 2% na sessão. O dia foi também positivo para as ações de grandes bancos, à exceção de BB (ON -0,69%).

Assim, a referência da B3 fechou esta sexta-feira em alta de 0,42%, a 98.953,90 pontos, entre mínima de 97.231,18, ainda o menor nível intradia desde 4 de novembro de 2020 (95.987,42), e máxima de 99.339,57 (+0,81%), com abertura a 98.542,10.

O giro financeiro foi de R$ 29,1 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 0,29%, após quatro perdas semanais consecutivas, duas das quais na casa de 5%. No ano, cede agora 5,60%.

Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para IRB (+6,40%), MRV (+6,02%) e BRF (+5,08%). No lado oposto, Magazine Luiza (-5,98%), Americanas ON (-5,21%) e Cogna (-3,74%).

"É um mercado com muita indefinição ainda, o que favorece a volatilidade. Hoje, o Ibovespa subiu contrariando a correlação habitual com o câmbio, muito pressionado na sessão, com o dólar negociado acima de R$ 5,30 (R$ 5,3212, em alta de 1,65% no fechamento). As leituras finais para os PMIs industriais nos Estados Unidos e na Europa vieram mais fracas, em desaceleração, enquanto o da China surpreendeu de forma positiva. O quadro para a atividade americana e na zona do euro é mais fraco, o que reforça a cautela quanto aos aumentos de juros, com relação especialmente ao que o Federal Reserve ainda fará", diz Dennis Esteves, especialista em Renda Variável da Blue3, destacando, no cenário doméstico, a aprovação de PEC com ampliação de transferências sociais, que volta agora à Câmara dos Deputados.

Enquanto, no Brasil, a perspectiva fiscal continua a ser acompanhada com apreensão, sentida de perto no câmbio e na curva de juros, no exterior os temores de desaceleração econômica global, puxada pelo ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, vão se transformando em medo de recessão.

O modelo do Federal Reserve de Atlanta que tenta prever o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos apontava, nesta sexta-feira, queda de 2,1% para o segundo trimestre. Na quinta, a previsão para o mesmo período era de 1,0%. Caso o recuo no PIB se comprove entre abril e junho, seguindo a retração anualizada de 1,6% nos primeiros três meses do ano, a economia americana entraria em recessão técnica.

Por outro lado, o Credit Suisse acredita que o crescimento econômico nos Estados Unidos será de 2,1% neste ano e de 1,2% no próximo. Em relatório trimestral, o banco prevê também que a economia global crescerá 2,9% em 2022 e 2,1% no ano seguinte. Para o Credit Suisse, componentes cíclicos do PIB dos EUA devem exibir contração, mas o setor de serviços manterá o crescimento positivo. Recessão no país "é uma clara possibilidade", mas o banco acredita haver colchões para impedir deterioração da perspectiva, "pelo menos ao longo do ano que vem".

Na zona do euro, apesar do desempenho moderadamente positivo das bolsas do velho continente nesta sexta-feira, os dados sobre a inflação no bloco, divulgados pela manhã, vieram fortes. "A inflação na zona do euro voltou a superar estimativas e a bater recordes, acumulando alta de 8,6% em 12 meses. O núcleo, que exclui componentes mais voláteis (de energia e alimentos), também surpreendeu, com avanço de 4,6% em 12 meses, ilustrando uma inflação bem disseminada e, consequentemente, não trazendo qualquer sinal de alívio para o Banco Central Europeu", aponta em nota a Guide Investimentos.

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