Estadão

Governo Biden divulga proposta que limita perfurações offshore nos EUA

O governo dos Estados Unidos planeja conter novas perfurações de petróleo nos oceanos Atlântico e Pacífico, ao mesmo tempo em que permite uma expansão limitada no Golfo do México e na costa sul do Alasca, conforme proposta divulgada pelo Departamento do Interior do país na noite de sexta-feira. Pelo texto, seriam permitidos até 11 contratos de arrendamento para exploração de petróleo no mar, por cinco anos.

O plano ainda está sendo desenvolvido e oferece várias opções à administração Biden, incluindo abrir mão de novos arrendamentos. Uma decisão final sobre o assunto, entretanto, deve tardar meses.

Grupos ambientalistas criticaram o plano e disseram que pressionarão para que não sejam feitos novos arrendamentos. Alguns expressaram preocupação com o fato de o governo estar se afastando da promessa do presidente Biden quando era candidato, de bloquear novas perfurações em território federal.

"O presidente Biden fez campanha pela liderança climática, mas parece disposto a nos decepcionar no pior momento possível", disse Brady Bradshaw, ativista sênior de oceanos do Centro de Diversidade Biológica, em comunicado. "A aprovação imprudente de mais perfurações offshore significaria mais derramamentos de petróleo, mais vida selvagem morta e comunidades mais poluídas".

Um porta-voz da Casa Branca se recusou a responder diretamente. Funcionários do Departamento disseram que não tinham uma opção preferida e que a decisão final – após um período de debate público – pode vir a ser a de não realizar novos arrendamentos.

Do lado oposto, alguns defensores do petróleo avaliaram que o plano não foi suficientemente longe para garantir o fornecimento futuro de petróleo doméstico para combater o aumento dos preços da energia globalmente. "Nossos aliados em todo o mundo livre precisam desesperadamente de petróleo e gás americano", disse o senador Joe Manchin. "Estou desapontado vendo que não fazer mais novos arrendamentos é uma opção na mesa."

Os lobistas da indústria aplaudiram a proposta de expandir o arrendamento, mas observaram que há muitos potenciais obstáculos à frente. "Este plano de arrendamento proposto é apenas um passo no processo, e é imperativo que a Administração aja rapidamente para finalizar e implementar o programa conforme proposto, sem redução de área", disse o presidente da Associação Nacional das Indústrias Oceânicas, Erik Milito, em comunicado.

Biden fez da transição dos combustíveis fósseis uma prioridade quando assumiu o cargo, mas nos últimos meses o aumento da inflação, impulsionado em parte pelos custos mais altos do combustível, o levou a recalibrar as propostas na área, pressionando empresas de petróleo a produzir mais e explorar reservas estratégicas, na tentativa de baixar os preços.

A opção mais ampla na proposta do Departamento do Interior prevê ajudar a indústria, permitindo que ela cresça em partes do oeste e centro do Golfo do México, onde já opera.

A proposta divulgada sexta-feira faz parte de um processo para implementar um novo plano quinquenal de perfuração na plataforma continental externa, exigido por lei federal. Chega, entretanto, com meses de atraso para atender aos requisitos legais e deve enfrentar meses de revisões antes que o Departamento possa oferecer novas áreas para arrendamento.

Mesmo no cenário de ritmo mais acelerado de negociações, a previsão é de que novos arrendamentos de petróleo e gás não ocorram até 2024 ou 2025, o que frustra representantes do setor enquanto ambientalistas dizem que o prazo enfraquece o argumento de que o plano seria útil para lidar com o aumento dos preços. Fonte: Dow Jones Newswires.

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