Uma série de desafios domésticos esperam o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em seu retorno da Europa, após firmar acordos para expandir a aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e levar a maior presença militar dos EUA no continente desde a Guerra Fria.
Entre eles, a frustração intrapartidária dos democratas com a resposta de Biden à decisão da Suprema Corte americana que anula o direito ao aborto, preocupações econômicas contínuas e questões sobre o destino de sua agenda legislativa.
Enquanto encerrava a viagem, Biden endossou a abertura de uma exceção às regras de obstrução para aprovar a legislação que transforma em lei a decisão Roe vs. Wade. Já em seu primeiro dia de volta, encontrou virtualmente com governadores democratas; entre eles, alguns que continuam a pressionar o presidente por uso maior de recursos federais para proteger o direito ao aborto.
O apoio de Biden à exceção veio quase uma semana após a decisão da Suprema Corte que gerou protestos por todo o país. O presidente não falou publicamente sobre a questão da obstrução e o governo se esquivou de perguntas sobre o assunto até Biden anunciar sua decisão em entrevista coletiva.
A alteração da regra no Senado, porém, enfrenta empecilhos, inclusive com partidários que se opõem a modificações. Reconhecendo que não tem votos suficiente para mudar as regras de obstrução, nesta sexta-feira, Biden afirmou que os eleitores precisam eleger mais democratas para o Senado em novembro, alertando que os republicanos tentarão aprovar restrições ao aborto em todo o país se assumirem o controle do Congresso.
Antes das eleições de meio de mandato, o presidente americano precisa ainda enfrentar um ambiente carregado por uma série de problemas econômicos, incluindo altos preços de alimentos e gasolina.
Os gastos das famílias dos EUA desaceleram em maio, de acordo com dados recentes, à medida que americanos enfrentavam, além da inflação historicamente alta, os efeitos da taxas de juros elevadas, que podem levar o país a concretizar a ameaça de recessão.
De acordo com uma pesquisa da Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, divulgada na quarta-feira, cerca de 85% dos adultos dos EUA dizem que o país está no caminho errado e 79% consideram a economia pobre. Somente 39% dos americanos aprovam a liderança de Biden e 69% desaprovam sua gestão da economia.
No Capitólio, um esforço bipartidário para aumentar a produção de semicondutores dos EUA e a competitividade com a China – uma prioridade para Biden – enfrenta problemas com a oposição na tramitação no Senado, assim como o plano orçamentário para medicamentos controlados.
Caso os democratas percam o poder em um ou ambas as casas do Congresso no pleito de novembro, como muitos analistas eleitorais projetam, a agenda do presidente tende a ficar mais prejudicada, além disso republicanos ameaçam inúmeras investigações contra o governo de Biden, bem como sobre os negócios no exterior de Hunter Biden, filho do presidente.
<i>(Com Dow Jones Newswires)</i>