Estadão

Vai à Bienal do Livro de SP com crianças? Veja dicas e aproveite melhor a visita

Pode parecer loucura levar uma criança pequena à Bienal do Livro de São Paulo no fim de semana – e é. Há fila para entrar, para andar, para comprar livro, para tirar foto, para comer, para ir ao banheiro. Uma loucura que cometi no último sábado, 2, o dia da abertura da feira, e da qual, passado o sufoco, não me arrependi. No meio daquela multidão, meu filho de 5 anos conheceu a Bienal – e viu "o Mauricio de Sousa de verdade".

Era claro que ela estaria lotada (veja aqui fotos) – a última Bienal foi há quatro anos e, depois de dois de pandemia, as pessoas estavam animadas para o evento. Essa alegria estava no ar. E a aglomeração parecia não incomodar.

Se estiver considerando ir à Bienal com crianças e puder fazer isso durante a semana, melhor. Ainda que os corredores do Expo Center Norte estejam cheios de estudantes em visitação escolar (mas nada comparado ao sábado e domingo), chega uma hora, no fim da tarde, que as coisas começam a acalmar. A Bienal funciona até as 22h. Quatro, cinco horas são suficientes para explorar os estandes e conhecer as novidades.

Prepare as pernas, escolha um sapato confortável, leve o mínimo necessário: a Bienal é grande. São 65 mil m², 182 expositores e algo como 3 milhões de exemplares à venda. Se a gente fica perdida com tanta coisa, imagine os pequenos. Vá com calma, não se preocupe em ver ou mostrar tudo.

Com tanto livro ao alcance das mãos, eles vão querer comprar tudo – principalmente nos estandes que ficam logo na entrada, com livros e livros de atividades dos mais variados personagens da TV. Para tornar a visita mais tranquila e evitar aqueles nãos que poderiam estragar o passeio, defini uma quantia que ele poderia gastar com livro (e ele ainda levou suas moedas). Para gastar com qualquer livro. A escolha era dele. Meu pai fazia isso, e até hoje me lembro de ter saído de uma Bienal com um livro de fotografias de cavalo. Isso não me fez menos leitora nem atrapalhou o meu percurso, e eu nunca me esqueci daquela Bienal.

A Bienal é passeio, é estar entre livros, é para ajudar a iniciar esse hábito de escolher a leitura e de ler. É para que depois, ao passar por uma livraria ou uma biblioteca, a criança sinta vontade de entrar, de escolher de novo, de ler mais. Ir à Bienal é apenas uma parte do processo de formação como leitor e que, certamente, vai ficar na memória.

E tem que ficar na memória pelos motivos certos. Assim, mesmo que você já tenha abolido o uso de máscara, considere usar uma para se proteger do coronavírus. Se ainda tem medo de pegar covid, use sua melhor máscara. Depois de tudo o que vivemos, e ainda enfrentamos, é assustador estar num lugar fechado, lotado, com tanta gente sem máscara. Se for ficar bastante tempo no local, troque pelo menos uma vez. E jogue tudo fora depois.

Isso leva a outro problema: a praça de alimentação.

<b>Leve lanche de casa</b>

Embora a área de alimentação seja ampla, no fim de semana o espaço não dá conta. As mesas são muito próximas umas das outras, e muito próximas dos restaurantes e lanchonetes. As filas se embolam: você mal sabe se está na fila da pizza ou na do cachorro quente. E elas ocupam os corredores de passagem. Quem consegue uma mesa, senta ao lado dessa aglomeração de pessoas – a maioria sem máscara.

Uma boa ideia é levar um lanche de casa e deixar para comer melhor na saída. Há também opções mais rápidas, como pão de queijo, pipoca, sorvete (nos corredores) e até uma barraquinha de frutas. Encontre um cantinho mais tranquilo, sente pelo chão mesmo, e faça uma pausa para comer e recarregar as energias. Leve água também. Tem fila pra tudo.

<b>Passeie pelos estandes</b>

As principais editoras do País estão na Bienal e os pequenos visitantes vão reconhecer, nesses estandes, livros que eles já têm em casa, vão poder descobrir outras obras e também se encontrar com personagens conhecidos dessa geração. Em carne e osso ou como estátuas.

No sábado, vi a Pepa e o Homem Aranha circulando por ali e tirando foto com a meninada. E o Greg, do Diário de Um Banana, é presença frequente na V&R.

Enfeitando o estande da Companhia das Letrinhas, estão estátuas do Gildo, personagem de sucesso de Silvana Rando, e Pilar, da série Diários de Pilar, de Flávia Lins e Silva, que virou desenho. Também ali, foi montado o cenário do livro Soltei o Pum na Banheira, da série de sucesso de Blandina Franco e José Carlos Lollo. É possível entrar na banheira.

A Luna, do Show da Luna, está no estande da Ciranda dos Livros, e as crianças param, curiosas, para olhar dentro da boca dela. No estande da Novo Século, há um painel com a imagem do Sonic e duas argolas para as crianças tirarem fotos. O da Rocco remete ao universo de Harry Potter. No da Girassol, um Sansão gigante que tem atraído crianças – e também adultos. Perto do Espaço Infantil, numa esquininha, o visitante pode descer no espaço feito de bolinha prateadas. Já no Pavilhão de Portugal, é possível fazer um mergulho no Oceano Atlântico, que nos separa do país homenageado da Bienal, por meio de uma atividade de realidade aumentada.

E por que não uma foto com Drummond, na Record? Ela está lançando dois livros infantojuvenis dele: A Cor de Cada Um, de poemas, e Criança Dagora é Fogo, de crônicas. Ali também há um espaço para divulgar Matilda, clássico de Roald Dahl.

<b>A criança cansou?</b>

O Espaço Infantil Navegando Pela História é um bom ponto de parada. Foi montado ali uma réplica do bondinho de Lisboa, com mesas e bancos, e as crianças podem pintar desenhos que mostram personagens da Turma da Mônica usando roupas típicas de diferentes regiões de Portugal. Na nossa parada ali, meu filho pintou calmamente o desenho inteiro. Acho que estava precisando mesmo de um momento de calma e introspecção.

Há jogos, também tranquilos, ali no espaço. Em um deles, a criança tem que adivinhar de qual país lusófono é determinada bandeira a partir de dicas que o outro jogador vai dando. Há, ainda, painéis com informações e curiosidades sobre os países de língua portuguesa. Tem também jogo da velha – ou do galo, como se diz em Portugal. E um outro que ensina o alfabeto em libras. No palco, escritores, ilustradores e contadores de histórias se revezam numa ampla programação infantil.

Lembrando que criança até 12 anos não paga ingresso.

Dicas para visitar a Bienal do Livro com crianças pequenas:

Use roupa confortável

Use máscara e leve seu próprio álcool em gel

Se puder ir durante a semana, vá. Se não puder, chegue cedo (vai ter fila na entrada do mesmo jeito, mas pelo menos você chega com os corredores um pouco mais transitáveis)

Combine com a criança o que fazer caso ela se perca

Leve o estritamente necessário, mas considere levar lanche e água de casa para evitar fila e aglomeração – e para economizar

Defina um valor que a criança poderá gastar ou a quantidade de livros que ela poderá comprar e deixe a escolha para ela

Passeie livremente e com calma. Não é preciso ver tudo

Pare para descansar no Espaço Infantil. Pintando ou jogando uma partida de jogo da velha a criança recarrega as energias

Tem muitos espaços intagramáveis, que podem agradar mais aos pais do que as crianças. O que importa é a experiência de estar ali

A criança está perto do seu limite? Vá para casa. É hora de ler e brincar com os novos livros e esperar pela próxima visita
Todo mundo que já foi à Bienal do Livro guarda uma memória afetiva. Boa visita!

<b>Bienal Internacional do Livro de São Paulo</b>

2 a 10 de julho

2ª a 6ª, das 9h às 22h, e sábado e domingo, das 10h às 22h. A entrada é autorizada até as 21h

Expo Center Norte (Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme)

Ingressos: R$ 30. Crianças menores de 12 anos não pagam

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