Estadão

Dólar sobe com aversão a risco por China e antes de falas de BC e Fed

O dólar opera em alta na manhã desta segunda-feira, 11, alinhado à tendência no exterior, em meio aversão a risco com a covid-19 na China, a detecção de uma nova subvariante altamente contagiosa da Ômicron em Xangai e expansão de nova mutação do vírus, agora na Índia. Ao mesmo tempo, a taxa de inflação medida pelo CPI chinês anual avançou 2,5% em junho, acima da previsão de 2,4%. Já o iene japonês atinge menor nível ante o dólar em quase 24 anos. Os retornos dos Treasuries recuam, após alta na sexta-feira, enquanto as commodities recuam, como petróleo, cobre e algumas agrícolas.

O presidente do Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda, alertou nesta segunda-feira sobre "incertezas muito elevadas" em relação à perspectiva econômica e reiterou a disposição do BC japonês de ampliar seus estímulos monetários, se necessário, para sustentar a frágil recuperação do país. Kuroda também reafirmou a expectativa do BoJ de que taxas de juros de curto e longo prazos fiquem "nos níveis atuais ou menores".

Os investidores locais aguardam a participação do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento organizado pelo banco Credit Suisse, às 10h, em dia de agenda de indicadores econômicos mais fraca.

As expectativas sobre Guillen devem se voltar para alguma sinalização sobre o fim do ciclo de aperto da Selic, na medida em que as incertezas externas, a pressão fiscal, dados fortes de atividade e a desvalorização do câmbio têm trazido dúvidas sobre se será possível encerrá-lo em agosto. Por outro lado, há a defasagem da política monetária e o alívio nos preços das commodities, em especial o petróleo, nos últimos dias.

Os mercados estão avaliando, ainda, a pesquisa Focus, que saiu mais cedo. O Boletim Focus mostra que, diante das medidas de desoneração adotadas pelo governo, as expectativas para o IPCA de 2022 tiveram recuo expressivo, com a mediana saindo de 7,96% para 7,67%. Em contrapartida, 2023, ano ainda central no horizonte de política monetária, a mediana subiu de 5,01% para 5,09% – no caso das projeções atualizadas nos últimos cinco dias avançou ainda mais, para 5,20%. As medianas para a Selic não sofreram alteração para o fim de 2022 (13,75%) e 2023 (10,50%).

Os investidores locais operam atentos ainda à escalada de violência política no Brasil a menos de três meses das eleições. No sábado à noite, o guarda municipal de Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, foi assassinado durante sua festa de aniversário de 50 anos, por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Guaranho está internado em estado grave. Além disso, a PF abriu inquérito para investigar ataque a carro de juiz que mandou prender Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação. A Justiça decretou ainda a prisão de suspeito de atirar bomba em evento petista, no Rio, na semana passada.

Nova rodada do Instituto FSB Pesquisa, encomendada pelo BTG Pactual e divulgada nesta segunda-feira mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua liderando a corrida presidencial com 41% das intenções de voto, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição continua em segundo lugar e aparece com 32% das intenções de voto.

No exterior, o índice DXY do dólar, que mede as variações da moeda americana frente a outras seis divisas relevantes, opera em alta firme, ampliando ganhos da semana passada. No foco estão o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, no Comitê do Tesouro (11h5) e o presidente do Fed de Nova York, John Williams (vota) (15h).

Às 9h37, o dólar à vista subia 1,58%, a R$ 5,3510. O dólar para agosto ganhava 1,70%, a R$ 5,380.

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