Faltando menos de 3 meses para as eleições presidenciais, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que irá enviar uma representação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro (PL) por proferir discursos de ódio e incitar a violência.
"As instituições, candidatos e partidos comprometidos com a democracia têm a obrigação de reagir ao avançar da barbárie bolsonarista. Ainda esta semana iremos propor representação ao TSE para responsabilizar Jair Bolsonaro por discursos de ódio e incitação à violência", escreveu em sua rede social.
A declaração de Rodrigues foi feita após o guarda municipal Marcelo Arruda, que também era tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR), ser assassinado durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos no clube da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu (Aresfi) na noite do último sábado, 9. Conforme o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ele foi morto a tiros por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penal federal e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Arruda, segundo o registro policial, revidou e disparou contra o agressor, que está internado em estado grave.
No domingo, 10, presidenciáveis e autoridades dos três Poderes manifestaram preocupação com uma possível escalada da tensão nas eleições deste ano e condenaram a violência durante a pré-campanha, que terá início oficialmente em agosto. A repercussão do episódio movimentou grande parte do mundo político em um contexto de disputa polarizada e de acirrada tensão entre petistas e bolsonaristas. Lula declarou solidariedade aos familiares e amigos de Arruda e disse que Guaranho foi influenciado pelo "discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável".
Ao se manifestar sobre o crime em Foz do Iguaçu, Bolsonaro pediu "que as autoridades apurem seriamente o ocorrido e tomem todas as providências cabíveis". O presidente reproduziu mensagens de 2018, nas quais diz dispensar apoio de quem usa da violência contra os opositores, mas acusa a esquerda de historicamente recorrer a essa prática – na campanha daquele ano, Bolsonaro foi alvo de uma facada. Ele ainda cobrou providência "contra caluniadores que agem como urubus para tentar" prejudicá-lo "24 hora por dia".
O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse que o ódio político precisa "ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas".
Simone Tebet, pré-candidata à Presidência pelo MDB, mostrou preocupação com o acirramento da polarização política no País. "Esse tipo de situação escancara de forma cruel e dramática o quão inaceitável é o acirramento da polarização política que avança sobre o Brasil. Esse tipo de conflito nos ameaça enormemente como sociedade."
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, tomou o episódio como exemplo para condenar "a intolerância, a violência e o ódio" por motivação eleitoral. "São inimigos da democracia e do desenvolvimento do Brasil. O respeito à livre escolha de cada um dos mais de 150 milhões de eleitores é sagrado e deve ser defendido por todas as autoridades no âmbito dos três Poderes".
O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), disse que o assassinato em Foz do Iguaçu é a "materialização da intolerância".