Estadão

Juros: taxas ampliam alta com aversão a risco no exterior e risco fiscal interno

As taxas de juros negociadas no mercado futuro operam em alta na manhã desta quinta-feira, 14, e ampliaram o ritmo nos últimos minutos nos trechos intermediário e longo da curva a termo. Profissionais do mercado atribuem o movimento principalmente ao cenário de aversão ao risco no mercado internacional, mas também com um pano de fundo preocupante no front interno. Se por um lado alguns indicadores domésticos apontam para um menor risco inflacionário, por outro, a questão fiscal é fator negativo.

Nos Estados Unidos, o PPI de junho reforça a percepção de um cenário de estagflação, mesmo que o núcleo do indicador tenha vindo abaixo das estimativas. O indicador de inflação mostrou alta de 1,1% em junho, contra previsão de 0,8%. O núcleo do índice, no entanto, veio abaixo do esperado, em 0,3%, contra expectativa mediana de 0,5%. Ainda assim, a leitura sobre o indicador foi negativa e se soma ao resultado ruim da inflação ao consumidor, divulgada ontem nos EUA. Por aqui, o IBC-Br, considerado uma espécie de prévia do PIB, ficou abaixo do esperado, o que indica desaceleração econômica e menor pressão inflacionária.

Pesa ainda no cenário doméstico a aprovação da PEC dos Benefícios, que vai autorizar gastos bilionários antes das eleições. "A aprovação da PEC tira um pouco do medo de aparecerem novos benefícios. Mas ela é muito ruim sob a ótica fiscal. Mas o mercado já colocou no preço", disse Paulo Nepomuceno, operador de renda fixa da Mirae Asset. Ele afirma que o PPI é o principal driver do dia e faz com que todos os mercados operem em sintonia com esse cenário adverso.

Às 10h45, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2024 tinha taxa de 13,90%, ante 13,77% do ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2025 projetava 13,22%, contra 13,07%. Na ponta longa, a taxa do DI para janeiro de 2027 era de 13,03%, de 12,92%.

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