A União Europeia reabriu ontem suas fronteiras internas após meses de isolamento para frear a propagação do coronavírus. A iniciativa veio em meio ao medo de uma segunda onda de contaminações na China e a situação crítica na América Latina. Apesar de um acordo prévio, cada país adotou um protocolo de permissão de entrada de visitantes.
Ontem, Alemanha, Bélgica, França e Grécia decidiram restabelecer a livre circulação com todos os países da UE. No caso dos gregos, a medida é ainda mais ousada, pois o país já deve receber turistas de outros continentes, como Austrália, Nova Zelândia, Japão e China.
A ilha de Santorini, ponto turístico da Grécia, receberá os primeiros visitantes, dividida entre a necessidade de recuperação da economia e o receio de novos contágios. "Estamos esperando desesperadamente por eles. Precisamos deles. Se eles não aparecem, como vamos sobreviver?", disse Michalis Droso, que trabalha em uma loja de suvenires do centro de Fira, principal cidade da ilha.
Ontem os primeiros alemães chegaram às Baleares, ilhas espanholas no Mediterrâneo, como parte de um projeto-piloto que receberá 11 mil turistas. Além disso, a Espanha, que registrou 27 mil mortes por coronavírus, antecipará para 21 de junho a reabertura de suas fronteiras com os países da UE, exceto Portugal. "É um momento crítico para o qual estamos nos preparando", disse o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.
A Itália, com mais de 34 mil mortos por covid-19, abriu as fronteiras em 3 de junho e registrou dois novos focos nos últimos dias em Roma. Na França, onde o coronavírus deixou quase 30 mil mortos, o ministro da Saúde, Olivier Véran, afirmou que "o pior da epidemia ficou para trás".
Em Paris, os turistas poderão visitar a Torre Eiffel, mas terão de subir pelas escadas. Ontem, os restaurantes reabriram suas áreas internas, embora praticamente sem visitantes e com muitos franceses ainda trabalhando em casa. Os estabelecimentos que servem comida fora da região de Paris já tinham a autorização para reabrir desde o dia 2.
No bistrô Le Mesturet, entre a Ópera Garnier e o Museu do Louvre, o dono, Alain Fontaine, afirmou que era um alívio reabrir as portas, mas alertou que, sem turistas e com muitas pessoas ainda trabalhando remotamente, os restaurantes não deveriam operar em plena capacidade para evitar o risco de falências. "Estou certo de que, no final do verão, todos reabrirão, mas pode levar de seis meses a um ano até que os negócios se recuperem totalmente", disse.
Bulgária, Croácia, Hungria, Letônia, Lituânia, Estônia, Eslováquia e Eslovênia também já começaram a levantar restrições para estrangeiros, mas excluíram os turistas de países que consideram não seguros – em muitos casos, essa lista inclui Suécia e Reino Unido.
Os suecos, cujo governo adotou uma estratégia questionada de contenção da crise, também estão vetados na Noruega e Suíça, país que não integra a UE. O Reino Unido, que deixou a UE em janeiro, mas permanece alinhado com o bloco até o fim deste ano, impôs na semana passada uma exigência de quarentena de 14 dias para a maioria das chegadas de estrangeiros ao país. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>