Estadão

Em meio à pandemia, 10,8 milhões moravam sozinhos no País em 2021, revela IBGE

Quando a pandemia de covid-19 se abateu sobre o País, em 2020 e 2021, encontrou quase 11 milhões de brasileiros morando sozinhos, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2019 e 2021, o total de domicílios formados por apenas uma pessoa pouco se alterou: ficou em 10,785 milhões ano passado, ante 10,639 milhões em 2020, 14,9% do total de lares, conforme o estudo Característica Gerais dos Moradores 2021, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgado nesta sexta-feira, 22.

Embora tenha se mantido estável nos últimos anos, incluindo o período da pandemia, o número de lares com apenas um morador cresceu em uma década. Na comparação de 2021 com 2012, o crescimento foi de 43,7%, com 3,281 milhões de domicílios a mais.

Segundo o IBGE, a tendência de longo prazo de crescimento nos domicílios chamados "unipessoais" pode estar relacionada ao envelhecimento da população, movimento demográfico estrutural verificado nas ultimas décadas no País. Tanto que Rio e Rio Grande do Sul, Estados que detêm a maior proporção de pessoas com 60 anos ou mais, são também aqueles com maior proporção de lares com apenas uma pessoa, acima da média nacional – 18,4% do total de domicílios fluminenses e 18,3% entre os gaúchos.

"O envelhecimento populacional pode contribuir, sim, para o aumento dos domicílios unipessoais", afirmou Gustavo Fontes, analista do IBGE, destacando ainda o "forte predomínio" de mulheres entre os idosos que moram sozinhos.

Os dados do estudo Característica Gerais dos Moradores 2021 reforçam outras tendências demográficas que já vinham sendo observadas nos últimos anos, como o aumento da proporção de idosos, a prevalência de mulheres no total da população e a consolidação das pessoas que declaram ter a pele parda ou preta como a maioria.

Em 2021, 47% dos brasileiros se definiam como pardos, 9,1%, como negros, enquanto os autodeclarados como brancos eram 43%. De 2012 a 2021, a população declarada de cor preta cresceu 32,4%, enquanto o total de declarados de cor parda avançou 10,8%. Segundo Fontes, do IBGE, embora as taxas de natalidade entre as mulheres pretas e pardas até sejam maiores do que as brancas, também deve ter contribuído para esse crescimento a autoafirmação das pessoas sobre a cor da própria pele – no método de entrevista da Pnad, a cor da pele ou raça é informada livremente pelo entrevistado, que responde por todos os moradores do domicílio.

O estudo Característica Gerais dos Moradores 2021 informa ainda que a população total cresceu 0,8% em 2020 e 0,7% em 2021, chegando a 212,650 milhões, mas o próprio IBGE esclareceu que essa estimativa, feita por amostragem, segue as projeções populacionais revisadas em 2018, que não incorporam os efeitos da covid-19 tanto no aumento da mortalidade quanto na redução de nascimentos.

Por isso, ao atualizar as estimativas obtidas a partir de amostragem com base nos dados do Censo 2022, que poderá ter as primeiras informações divulgadas no início do próximo ano, o IBGE deverá fazer ajustes nas composições da população, especialmente em termos de faixas etárias.

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