O nome do pintor Lorenzato voltou a circular mais intensamente no mercado após sua morte, em 1995. Restrito a um nicho de colecionadores antes disso, Lorenzato é hoje um nome presente em importantes acervos privados e públicos. É um dos motivos de ganhar seu primeiro livro, Lorenzato, também alavancado pela circulação internacional de sua obra depois de 2019. Escrito por Rodrigo Moura, Lorenzato reúne 230 dos mais significativos trabalhos do pintor, cuja produção é estimada entre 3 mil e 5 mil pinturas.
O pintor mineiro Amadeo Luciano Lorenzato inaugurou o século 20, nascendo no primeiro dia do ano de 1900. Conhecido pelas paisagens do subúrbio de Belo Horizonte, ele atravessou a fronteira da chamada pintura naïf – limite ao que foi confinado por alguns – para mostrar que sua concepção de pintura não era ingênua, mas sofisticada o bastante para figurar entre os mestres.
E quando se fala em mestres se fala de Van Gogh, uma de suas referências, como comprova a pintura reproduzida nesta página, um óleo sobre cartão de 1946 em que imprimiu sua marca registrada: munido de um pente, Lorenzato raspava a tinta inúmeras vezes, criando com o atrito uma textura tosca e ao mesmo tempo sedutora, ao sugerir movimento, como nas pinturas do holandês Van Gogh.
Essa capacidade inventiva foi incentivada não só pela reprodução de métodos da construção civil bem como pela convivência com a arte exibida nos museus europeus – ele passou longos anos na Europa, voltando apenas em 1948 – sua família fugiu da gripe espanhola, em 1920, e Lorenzato foi criado longe da febre modernista que abalou o País em 1922.
No entanto, seus retratos da paisagem urbana de Belo Horizonte são bastante modernos e sintéticos e há muito de Volpi nas figuras hieráticas dos grupos de família que pintou. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>