A vitória sobre a tenista número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek, na noite de quinta-feira, foi apenas mais um capítulo da grande temporada vivida por Beatriz Haddad Maia. Após altos e baixos nos últimos anos, a brasileira vem brilhando nas quadras desde janeiro, com o vice-campeonato do Aberto da Austrália. Em 2022, ela já registra seu melhor ranking da carreira e os primeiros títulos de nível WTA em simples.
A ascensão de Bia no circuito começou em solo australiano. Em Sydney, se sagrou campeã ao levantar o troféu de duplas, ao lado da casaque Anna Danilina. Mesmo sem nunca ter jogado com a nova parceira, a número 1 do Brasil voltou a fazer bonito no primeiro Grand Slam do ano. Juntas, foram vice-campeãs, resultado incrível para o tênis feminino. Ela se tornara apenas a terceira brasileira a alcançar uma final de Major.
O título não veio, mas a importante final garantiu confiança suficiente para Bia seguir em busca de conquistas nas semanas seguintes. E o esforço de longo prazo trouxe resultados de forma inesperada. Apesar da tradição brasileira no saibro, ela faturou seu primeiro e segundo títulos em simples no circuito sobre a temida grama, que sempre causou preocupação aos tenistas nacionais – Gustavo Kuerten, por exemplo, nunca foi campeão nesta superfície.
Mas Maria Esther Bueno, sim, principalmente em Wimbledon. E Bia tratou de seguir seus passos. Em junho, a brasileira viveu a melhor semana da sua carreira ao faturar dois títulos no mesmo torneio, em Nottingham, na Inglaterra, com troféus em simples e em duplas. Sem se contentar, ela repetiu a dose na chave de simples em Birmingham, na semana seguinte.
Com esta série, Bia sustentou uma invencibilidade de 13 partidas consecutivas, feito incomum no circuito e reservado às grandes favoritas.
Na busca por estes troféus, a brasileira deixou pelo caminho rivais de peso. Foram três vitórias sobre uma rival do Top 10 do ranking somente neste ano (já são cinco na carreira). Derrubou ainda adversárias experientes, como a romena Simona Halep, ex-líder do ranking e dona de dois títulos de Grand Slam, e a checa Petra Kvitova, ex-número dois e bicampeã de Wimbledon.
No mesmo ritmo que cresce nos torneios, Bia vem subindo no ranking. Por diversas vezes neste ano, alcançou sua melhor posição da carreira. No momento, figura no 24º posto, o melhor de uma brasileira em simples na história do ranking – Maria Esther dominava em período anterior à criação da lista oficial. O crescimento acontece também nas duplas. Ela já é a 25ª. A melhor posição veio em julho, com o 24º lugar.
O novo feito veio na noite desta quinta, com o triunfo sobre Iga Swiatek, número 1 do mundo e atual campeã de Roland Garros. Melhor tenista da atualidade, a polonesa chegou a ostentar uma série invicta de 37 jogos, até ser eliminada na edição deste ano de Wimbledon.
Foi a primeira vitória brasileira sobre um líder do ranking, em simples, desde 2004, quando Gustavo Kuerten derrubou o suíço Roger Federer no saibro de Roland Garros. De quebra, Bia alcançou as quartas de final de um torneio de nível WTA 1000 pela primeira vez na carreira.
Para efeito de comparação, a até então melhor temporada de Bia havia sido a de 2017. Na ocasião, chegou a sua primeira final na WTA, com o vice-campeonato em Seul, na Coreia do Sul. E foi campeã em Bogotá, em duplas. Alcançou sua melhor posição no ranking, com o 58º posto em simples. E terminou o ano pela primeira vez dentro do Top 100, com o 65ª lugar.
Na noite desta sexta-feira, ela tem outro desafio pela frente. Vai encarar a atual campeã olímpica, a suíça Belinda Bencic, atual número 12 do mundo.