Tentando se afastar da nacionalização da disputa pelo governo do Estado de São Paulo, o candidato do PSDB, Rodrigo Garcia, afirmou que não quer trazer "a guerra ideológica" para o Estado. "Discussão de ideologia, ele pode servir no Parlamento, mas no Executivo não", pontuou o atual governador de São Paulo, afirmando que a discussão ideológica atrapalhou o repasse de verba para o Estado.
"No Parlamento, ela (a discussão) é necessária, cada um defendendo sua ideologia, os seus pontos de vista, é assim que você forma uma nação e uma sociedade. Agora, no Poder Executivo, não dá pra você colocar a ideologia na frente dos problemas que a gente vive", afirmou. "Infelizmente, nesses últimos três anos, São Paulo deixou sim de receber repasses importantes", continuou.
Atualmente, Garcia disputa o governo com Fernando Haddad (PT), apadrinhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com Tarcísio de Freitas, que tem o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Não dá para o Brasil viver mais 4 anos de acirramento", disse, durante sabatina promovida pelo <b>Estadão</b>, em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). De acordo com o governador, independente do resultado da corrida pelo Palácio do Planalto, ele será "uma voz de equilíbrio, experiência, e de busca incessante com o dialogo".
<b> Política fora do quartel </b>
Rodrigo Garcia também afirmou na sabatina que pretende manter o veto à presença de policiais e militares da ativa a atos políticos no Estado. No ano passado, a gestão do governador João Doria (PSDB) proibiu que os agentes da ativa participassem dos atos do dia 7 de setembro, convocados pelo governo.
"Política, fora do quartel. A manifestação, ela é livre a funcionários públicos de qualquer natureza sem farda e fora do quartel. Agora, dentro do quartel, em horário de trabalho, a Polícia Militar não admite esse tipo de manifestação", afirmou.
O governador também declarou que as "falsas ameaças" à democracia no Estado "não vão abalar aquilo que a gente tem de mais importante na nossa vida, que é liberdade. O Brasil já não tem uma democracia tão jovem", disse. Para ele, a democracia no País está "sólida" e "consolidada".
<b>Crime organizado</b>
O candidato do PSDB ao governo de São Paulo afirmou que o combate ao crime organizado é uma "guerra permanente" e defendeu mudanças no código penal brasileiro, que, segundo ele, é "muito permissivo" com crimes como os praticados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Garcia também criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter libertado o traficante André do Rap, em 2020, dias após a polícia do Estado conseguir localizá-lo e prendê-lo. "É uma guerra permanente. Olha o que a gente tem passado, muitas vezes prendendo pessoas, e no dia seguinte o Judiciário solta. É culpa do Judiciário? Não, é culpa de lei mal feita", disse.
Quanto à Cracolândia do centro de São Paulo, um dos principais temas da eleição paulista deste ano, o governador criticou a gestão de seu adversário e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad sobre o tema e defendeu a internação involuntária de dependentes químicos. Ele voltou a dizer que "é polícia para traficante e tratamento para dependente".
"Eu já sei o que não fazer com a Cracolândia, que foi o que o Haddad fez na época que ele era prefeito, o Bolsa Crack . A política de redução de danos não deu certo … Os traficantes agradeciam o dinheiro do Bolsa Crack porque aumentou o comércio de drogas no centro da cidade de São Paulo com o dinheiro público", afirmou.
A internação involuntária, segundo ele, é viável graças a uma mudança na lei que permite que a ação seja tomada mediante laudos psiquiátricos que atestem a necessidade de internação. De acordo com o governador, durante sabatina promovida pelo <b>Estadão</b>, em parceria com a FAAP.
Há um mutirão em parceria com a Prefeitura para conseguir esses laudos. "São pessoas que infelizmente não têm mais como discernir o que é bom para a vida delas", afirmou Garcia.