O Festival de Veneza dá a largada oficial para a temporada de premiações, que culmina com o Oscar. E já dá para falar que, em seu quinto dia, a 79ª edição apresentou o favorito ao Oscar de ator do ano que vem: Brendan Fraser, por sua atuação como Charlie, em The Whale. O filme dirigido por Darren Aronofsky e baseado na peça de Samuel D. Hunter seria exibido na competição na noite de domingo, 4, e teve boa recepção na sessão de imprensa.
Sua excelente atuação ainda tem extras adorados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: um papel que envolve transformação e uma história de volta por cima. Fraser teve uma carreira de sucesso em Hollywood, com filmes tão díspares quanto Deuses e Monstros e A Múmia. Mas andou sumido nos últimos anos.
O ator interpreta Charlie, um professor que dá aulas de inglês online. Ele tem 270 quilos, sérios problemas de saúde e mal consegue se mover pela sua casa. Depende da amiga e enfermeira Liz (Hong Chau) para tudo. É nesse momento que decide tentar uma reconciliação com sua filha Ellie (Sadie Sink), com quem não fala há nove anos, desde que se separou da mãe dela, Mary (Samantha Morton), para viver um amor com um homem. Outro personagem é o missionário Thomas (Ty Simpkins), que cisma em salvar Charlie.
"Eu tive de aprender a me movimentar de uma nova maneira. Essa experiência me fez admirar pessoas que têm corpos como o de Charlie", disse Brendan Fraser em entrevista coletiva na tarde de domingo. O ator ganhou um pouco de peso, mas teve ajuda de uma roupa especial. "Você precisa ser uma pessoa forte fisicamente e mentalmente para habitar aquele corpo."
Antecipando as críticas de usar um ator que não é obeso, Aronofsky disse que o maior desafio de The Whale foi escalar quem faria o personagem. Foram dez anos de procura. "Considerei todos os tipos de atores. Considerei os maiores astros. Nada funcionou", contou na coletiva. Até que, por acaso, assistiu ao trailer de 12 Horas Até o Amanhecer (2006), de Eric Eason, que Brendan Fraser rodou no Brasil. "Tive uma luz", disse o diretor.
O peso que Charlie carrega vem dos traumas que carrega. Mas, ainda assim, ele mantém a fé no ser humano. "Charlie é uma luz em um espaço escuro", disse Fraser. "Foi o meu maior desafio, mas ele é o homem mais heroico que interpretei porque seu superpoder é ver o lado bom dos outros." Em dado momento, o personagem diz: "Pessoas são incapazes de indiferença". Para Aronofsky, essa frase era a razão para fazer o longa-metragem. "Essa é a maior mensagem para colocar no mundo agora", disse o cineasta. "Todos estamos nos apoiando no cinismo e no lado sombrio, e tudo o que não precisamos é disso."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>