Estadão

Bolsonaro se diz imbrochável e defende casamento com princesa

Com alta rejeição entre o eleitorado feminino, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçou nesta quarta-feira, 7, clichês e estereótipos machistas durante discurso a apoiadores em Brasília, no 7 de Setembro. O chefe do Executivo engrossou coro do público que o chamou de "imbrochável", recomendou aos homens buscar uma "princesa" para casar e comparou a primeira-dama Michelle Bolsonaro à socióloga Rosângela da Silva, a Janja, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto.

Além de se dizer "imbrochável", Bolsonaro deu um conselho aos homens. "Eu tenho falado para os homens solteiros, para os solteiros que estão cansados de ser felizes. Procure uma mulher, uma princesa, se case com ela para serem mais felizes ainda", disse o presidente aos apoiadores, antes de beijar a primeira-dama.

Ao elogiar Michelle, o presidente afirmou que a primeira-dama está, muitas vezes, à frente das decisões. "Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir, uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida. Não é ao meu lado, não. Muitas vezes, ela está na minha frente", declarou Bolsonaro, sem citar nominalmente a mulher de Lula.

<b> Inimigo </b>

Em um breve discurso em tom religioso, a mulher de Bolsonaro citou "Deus" e afirmou que "o inimigo não vai vencer". "Estamos lutando pelo bem maior que é a nossa família e a nossa liberdade. Estamos lutando por princípios e valores que Deus estabeleceu na terra", disse a primeira-dama durante o ato em Brasília.

"Não estamos aqui por poder e muito menos por status. Estamos para cumprir um propósito. Declaramos que esta nação pertence ao Senhor Jesus e é abençoada por Deus, o agro é abençoado por Deus, a família é abençoada e projeto de Deus", declarou Michelle.

Candidato à reeleição, Bolsonaro enfrenta dificuldades para conquistar o voto feminino. Segundo pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada na segunda-feira passada, o presidente tem 26% das intenções de voto entre as mulheres, ante 45% de Lula. No fim de agosto, Bolsonaro tinha 29%; Lula registrou os mesmos 45%.

<b>Candidatas</b>

Adversárias de Bolsonaro na corrida presidencial, as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) se manifestaram nas redes sociais contra as declarações de ontem do presidente da República.

"O presidente insiste em propagar que é imbrochável – informação que, sinceramente, não interessa ao povo brasileiro", disse Soraya. "Vergonhoso e patético! No dia da Independência do Brasil, o presidente mostra todo seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada", escreveu Simone.

<b>Pauta</b>

No primeiro debate na TV entre candidatos à Presidência da República, no fim de agosto, Bolsonaro foi alvo dos adversários em razão de ofensas às mulheres. Em um dos momentos, o candidato à reeleição fez ataques pessoais à jornalista Vera Magalhães, uma das entrevistadoras da noite. Ela recebeu a solidariedade de outros candidatos.

Na sequência, Bolsonaro direcionou falas agressivas contra Simone Tebet. "A senhora é uma vergonha no Senado Federal. E não estou atacando mulheres, não. Não venha com essa historinha de se vitimizar", declarou ele na ocasião.

A presidenciável do União Brasil reagiu. "Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada", afirmou Soraya.

Depois do debate, a pauta feminina ganhou protagonismo nas campanhas e o combate à discriminação feminina se incorporou às temáticas mais relevantes da eleição.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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