Estadão

Dólar sobe com aversão a risco no exterior e eleições no radar

O dólar opera em alta na manhã desta quinta-feira, 29, reagindo à cautela no exterior e com o primeiro turno das eleições presidenciais neste domingo no radar. Os ativos locais ajustam-se à valorização externa do dólar e dos juros dos Treasuries em meio a expectativas de aperto agressivo de juros pelo Federal Reserve e o Banco Central Europeu.

A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da Alemanha atingiu 10% em setembro, acelerando fortemente ante 7,9% em agosto, segundo dados preliminares divulgados nesta quinta. O resultado supera a expectativa de analistas consultados pelo <i>The Wall Street Journal</i>, que previam taxa de 9,5% neste mês. Em relação a agosto, o CPI subiu 1,9% em setembro, também superando o consenso do mercado, de alta de 1,5%.

A dirigente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, disse que a inflação nos EUA deve desacelerar, mas o Fed ainda deve agir para conter a escalada dos preços no país. A terceira leitura do PIB dos EUA no segundo trimestre aponta queda de 0,6%, como previsto. A inflação medida pelo PCE, que é a referencia preferida pelo Fed, subiu à taxa anualizada de 7,3% no 2º trimestre de 2022. O núcleo do PCE (3ª leitura) sobe à taxa anualizada de 4,7% no 2º trimestre de 2022. Já os pedidos de auxílio-desemprego no país caíram 16 mil na semana, a 193 mil, menor que a previsão de 215 mil solicitações.

Além disso, os agentes locais mantêm postura defensiva diante da espera do último debate entre candidatas e candidatos à Presidência, marcado para 22h30 na Rede Globo, e após ataques recorrentes do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, e sugerindo a contestação dos resultados das eleições no País.

O TSE determinou ontem que integrantes do Partido Liberal (PL) sejam investigados por produzirem um relatório com informações "falsas e mentirosas" sobre a segurança das urnas eletrônicas. O partido do presidente Jair Bolsonaro divulgou nesta quarta-feira, 28, documento em que, mesmo sem provas, afirma que o resultado da eleição pode ser fraudado por um grupo de servidores da Corte eleitoral.

Os investidores locais estão analisando também o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e a deflação maior do IGP-M de setembro, enquanto esperam pela coletiva sobre o RTI com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, além do leilão de LTN e NTN-F do Tesouro, ambos a partir das 11h.

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,95% em setembro, após queda de 0,70% em agosto. A queda mensal foi maior do que indicava a mediana da pesquisa <i>Projeções Broadcast</i>, de -0,89%. A inflação acumulada em 12 meses pelo IGP-M arrefeceu de 8,59% para 8,25%, abaixo da estimativa intermediária do levantamento, de 8,31%. No ano de 2022, o indicador acumula alta de 6,61%.

O Índice de Confiança do Comércio (Icom) cresceu 2,4 pontos na passagem de agosto para setembro, a 101,8 pontos, maior nível desde janeiro de 2019. Em médias móveis trimestrais, o indicador subiu 1,3 ponto.

Também o Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 1,0 ponto na passagem de agosto para setembro, na série com ajuste sazonal, para 101,7 pontos, maior nível desde março de 2013. Em médias móveis trimestrais, o índice avançou 1,0 ponto.

Lá fora, a aversão a risco predomina. O juro do bônus do governo britânico (Gilt) de 10 anos avança nesta manhã, enquanto a libra e o euro se enfraquecem frente ao dólar, após a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, defender mais cedo seu polêmico plano de cortes de impostos, que abalou os mercados financeiros nos últimos dias.

Às 9h35, o dólar à vista subia 1,00%, a R$ 5,4026. O dólar para outubro ganhava 0,60%, a R$ 5,4055.

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